Por: Bloomberg.
A China interveio para apoiar seu mercado de ações na sexta-feira, ajudando o índice de referência a ter seu melhor ganho semanal de 2016 antes que os responsáveis pela política econômica se reúnam para aprovar um roteiro de cinco anos para a economia, de acordo com duas fontes com conhecimento direto da situação.
Fundos apoiados pelo Estado compraram principalmente ações de bancos, enquanto alguns ramos locais do regulador de títulos pediram a empresas de capital aberto, fundos mútuos e corretoras para estabilizar o mercado durante o Congresso Nacional do Povo e da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, disseram as fontes, que pediram para não serem identificadas porque o assunto não é público.
Os maiores bancos da China, vistos como alvos principais do apoio estatal por causa do peso nos índices de referência, tiveram ganhos no mercado de US$ 5,5 trilhões na sexta-feira, mesmo quando caíram as ações de empresas de menor valor de mercado. As autoridades normalmente intervêm nos mercados antes de eventos nacionais importantes, usando fundos do governo para impulsionar os preços das ações como em agosto passado antes de uma parada militar que comemorou o 70º aniversário da vitória da II Guerra Mundial contra o Japão.
“Parece que a equipe nacional esteve comprando pois as empresas de alta capitalização do índice de Xangai saltou, enquanto as de menor valor caíram”, disse Steve Wang, economista-chefe na China da Reorient Financial Markets em Hong Kong.
O mercado de ações da China se tornou um dos símbolos mais visíveis da ansiedade em relação à maior economia da Ásia depois que uma queda de US$ 5 trilhões no final do ano passado atingiu os investidores globais. Ao intervir publicamente para apoiar os preços das participações em 2015, o governo do presidente Xi Jinping apostou um pouco de sua credibilidade como administrador da economia na capacidade do Estado para estabilizar um dos mercados mais voláteis do mundo.
Salto semanal
O Shanghai Composite Index subiu 0,5 por cento na sexta-feira, revertendo um declínio anterior de 1,8 por cento e ampliando o ganho semanal para 3,9 por cento. O CSI 300 Index de empresas com alta capitalização avançou 1,2 por cento, enquanto o indicador ChiNext de empresas menores caiu 5 por cento.
Um medidor de ações financeiras subiu ao máximo entre 10 grupos industriais. Industrial Commercial Bank of China, a empresa mais valiosa listada nas bolsas do continente, subiu 4,4 por cento no seu maior ganho em quatro meses. O Agricultural Bank of China, que é o terceiro maior importante no indicador de Xangai, subiu 3,9 por cento. Bank of China subiu a seu ponto mais alto em três meses.
Meta de crescimento
Outras ações de grande capitalização também avançaram. PetroChina, a maior empresa de energia do país, subiu 3,2 por cento para coroar seu maior ganho semanal desde julho. Apenas 3 dos 100 membros da ChiNext subiram, pois o índice de empresas principalmente de tecnologia em Shenzhen afundou para seu nível mais baixo desde setembro.
O Shanghai Composite ainda está com perdas de 19 por cento este ano, o pior desempenho do mundo entre os pares globais. O indicador caiu até 4,6 por cento na segunda-feira com a decepção pela falta de novos estímulos durante as reuniões do Grupo dos 20 no fim de semana em Xangai. Naquela noite, o banco central anunciou que iria reduzir a quantidade de dinheiro que os credores devem manter em reserva. Apesar de que o indicador de ações fechou em alta no dia seguinte, todos os ganhos vieram nos últimos 90 minutos de negociação, um padrão reminiscente do apoio do Estado.
Explosão de dívida
O Congresso Nacional do Povo vai definir uma meta de crescimento anual para este ano – sinalizado em 6,5 a 7 por cento pela Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma. Investidores estão à procura de detalhes sobre como empresas estatais com perdas podem ser fechadas sem provocar uma recessão e como o governo vai conter a dívida que aumentou para 247 por cento do produto interno bruto.
A China pode estar tentando aumentar o otimismo dos investidores depois que a Moody’s Investors Service baixou a perspectiva de classificação de crédito da China de estável para negativa na quarta-feira, de acordo com Wang. A empresa de classificações destacou o peso da dívida crescente da nação e questionou a capacidade do governo de realizar reformas.
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