Por David Biller, com a colaboração de Charlie Devereux.
A inflação da Argentina cairá para o teto de sua faixa meta até o final do ano, segundo o Fundo Monetário Internacional. O banco mostra mais otimismo que a maior parte dos economistas.
A inflação cairá e atingirá o teto de 25 por cento da faixa meta da Argentina até o final do ano, disse o FMI em seu relatório Perspectiva Econômica Mundial, publicado nesta terça-feira. A taxa é mais baixa que as estimativas de todos os economistas consultados pela Bloomberg, com exceção da fornecida pela consultoria Pantheon Macroeconomic Advisors, que mantém a mesma projeção do FMI. A mediana das projeções dos economistas aponta que os preços ao consumidor subirão 34,2 por cento neste ano.
As autoridades argentinas participarão da reunião de primavera do FMI nesta semana, em Washington, poucos meses após Mauricio Macri assumir a presidência no segundo maior país da América do Sul. Macri está buscando reformular a agência de estatísticas que, no governo anterior, subestimava os aumentos de preços e foi censurada pelo banco multinacional. O governo Macri sinalizou que a redução da inflação é uma das prioridades para a reconstrução da confiança.
O banco central da Argentina tem procurado frear a inflação aumentando as taxas de juros sobre notas de curto prazo para até 38 por cento. Com a política monetária mais apertada, a inflação provavelmente já chegou ao seu pico, disse o presidente do banco, Federico Sturzenegger, em entrevista no Bloomberg Argentina Summit, em 4 de abril.
Os preços ao consumidor subiram 36 por cento no período de 12 meses até fevereiro, segundo um índice compilado pela província de San Luis. O governo Macri está usando esse indicador enquanto reformula a agência nacional de estatística.
Os dados econômicos divulgados pela Argentina são questionados desde 2007, quando o então presidente Néstor Kirchner substituiu os principais funcionários da agência nacional de estatísticas. Christine Lagarde, diretora-gerente do FMI, censurou a Argentina em 2013 por fornecer números duvidosos.
A Argentina mira uma inflação de 17 por cento em 2017. O FMI projeta que a inflação excederá esse nível, caindo apenas para 20 por cento, patamar alinhado à mediana das projeções dos economistas consultados pela Bloomberg.
Desaceleração do crescimento
Em seu relatório, o FMI reduziu sua perspectiva econômica de 2016 para a América Latina e o Caribe para uma recessão de 0,5 por cento, contra um declínio de 0,3 por cento em janeiro. Isso se deve, em grande parte, a uma projeção de recessão mais profunda no Brasil, que o banco agora estima que registrará uma contração de 3,8 por cento — aproximadamente o mesmo de 2015.
A projeção mais baixa para a maior economia da América Latina decorre das incertezas domésticas que continuam limitando a capacidade do governo de formular e executar políticas, segundo o relatório.
O FMI projeta que o México crescerá 2,4 por cento neste ano, contra uma perspectiva anterior de 2,6 por cento. Sua projeção de que a Argentina terá uma contração de 1 por cento permaneceu inalterada e o FMI informou que o esforço para corrigir desequilíbrios macroeconômicos e distorções microeconômicas melhorou as perspectivas de crescimento de médio prazo no país.
O FMI reduziu sua projeção de crescimento para o Chile de 2,1 por cento para 1,5 por cento devido aos preços mais baixos do cobre e às condições financeiras mais estritas. O banco projeta crescimento de 3,7 por cento no Peru, contra 3,3 por cento anteriormente — este foi o único aumento do FMI nas projeções de crescimento entre os principais países latino-americanos.
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