Petroleiras reduzem custos mas não compensam queda de preço

Por Rakteem Katakey.

As maiores empresas petroleiras do mundo, que devem informar seus piores lucros trimestrais em mais de uma década, estão descobrindo que seus esforços para cortar os custos não compensaram o declínio dos preços do petróleo nos últimos dois anos.

Os produtores adiaram projetos, eliminaram postos de trabalho e congelaram salários, mas o processo vai demorar três anos para ser concluído, segundo Lydia Rainforth, do Barclays. Enquanto isso, os lucros estão sendo castigados.

“Ainda é preciso muito trabalho em relação aos custos”, disse Rainforth, analista do setor do petróleo em Londres, por telefone. “É um reflexo do quanto os custos tinham se acumulado e de como esse processo é longo”.

Para produtoras como a Royal Dutch Shell e a Chevron, que continuam enfrentando a ameaça de rebaixamento da classificação de crédito, a redução de custos é a maneira mais segura de proteger o balanço. Contudo, a inversão de rumo está sendo penosa depois que o petróleo a US$ 100 convenceu as empresas a injetar dinheiro em áreas caras em busca de novos depósitos, a contratar mais pessoas e a alugar plataformas e serviços a taxas recorde. A produtividade sentiu o golpe.

A Shell, maior empresa petroleira da Europa, tinha custos operacionais de US$ 14,70 por barril no ano passado, quando o petróleo Brent era negociado a uma média de US$ 53,60, disse o Barclays em um relatório, no mês passado. O custo é mais de duas vezes maior que o de US$ 6 por barril registrado de 2005, na última vez em que o petróleo foi negociado a uma média de US$ 50, segundo o relatório. A despesa operacional da BP era de US$ 10,40 no ano passado, contra US$ 3,60 em 2005, segundo o Barclays. Os custos operacionais não incluem despesas de capital, impostos e royalties pagos pelas petroleiras.

Perspectiva de lucro

Após subirem todos os anos de 2010 a 2014, os custos da Shell caíram 15 por cento no ano passado, segundo o Barclays. Os da BP caíram 19 por cento.
As reduções não foram suficientes para compensar a queda dos preços do petróleo.

A BP deverá registrar um prejuízo ajustado pela primeira vez desde o derramamento de petróleo no Golfo do México, em 2010, quando reportar seus resultados para o primeiro trimestre, em 26 de abril, segundo estimativas de analistas compiladas pela Bloomberg. A Shell, que divulgará seu relatório em 4 de maio, provavelmente registrará seu menor lucro ajustado em mais de uma década.

A Exxon Mobil, maior petroleira do mundo, divulgará o lucro trimestral mais baixo em mais de duas décadas em 29 de abril, segundo as estimativas dos analistas. A Chevron deverá divulgar no mesmo dia um segundo prejuízo consecutivo. O lucro líquido ajustado da Total no primeiro trimestre deverá ser o mais baixo desde 2001.

A magnitude da tarefa enfrentada pelos CEOs das grandes petroleiras pode ser vista na BP. Embora o chefe da produtora britânica, Bob Dudley, tenha sido um dos primeiros a se preparar para a recessão, a BP precisou da maior parte de 2014 e de 2015 para identificar onde os custos poderiam ser cortados e a implementação plena virá apenas neste ano, disse Rainforth.
A empresa com sede em Londres disse em fevereiro que tinha reduzido os custos diretos anuais em US$ 3,4 bilhões na comparação com 2014 e que estimava que eles seriam US$ 7 bilhões ainda mais baixos em 2017. Um porta-voz da BP preferiu não fazer comentários adicionais.

A Shell planeja reduzir a despesa operacional em US$ 3 bilhões em 2016 após cortá-la em US$ 4 bilhões no ano passado. A empresa preferiu não fazer comentários, limitando-se a reiterar que conta com opções para reduzir ainda mais os gastos se as condições justificarem. A Exxon e a Chevron preferiram não comentar.

A Total busca gastar US$ 6,50 por barril de equivalentes de petróleo na operação de sua divisão de exploração e produção neste ano, após ter cortado o valor para US$ 7,40 no ano passado, contra US$ 9,90 em 2014, segundo uma apresentação da empresa, de fevereiro.

Para ter acesso a notícias em tempo real entre em contato conosco e assine nosso serviço Bloomberg Professional.
 

Agende uma demo.