Por Serene Cheong, Heesu Lee e Ben Sharples.
Se o mercado de petróleo tivesse uma música-tema neste momento, poderia ser aquela em que Taylor Swift canta nervosa: “Já saímos do meio da floresta?” (“Are we out of the woods yet?”).
Queda na produção dos EUA, cortes inesperados de produção da Nigéria à Colômbia e aumento da demanda de gasolina embalaram a maior alta do preço do barril desde o meio de fevereiro. Enquanto os investidores intensificam apostas otimistas, analistas do UBS Group, Morgan Stanley e Goldman Sachs veem armadilhas no futuro.
O excesso global de petróleo alcançou o diesel e vai ameaçar a gasolina depois da temporada de férias de verão no hemisfério norte. Interrupções não planejadas podem ser resolvidas nos próximos meses, aumentando a oferta, enquanto o Irã tenta recuperar mercado e a Arábia Saudita defende sua participação. A demanda é “decepcionante” nos mercados emergentes, diz o Morgan Stanley. O Goldman Sachs avisa que a produção dos EUA pode se recuperar se os preços subirem muito rapidamente.
“Os fundamentos do petróleo estão melhorando, mas o mercado ainda está apreensivo”, disse Ehsan Ul-Haq, consultor sênior na KBC Advanced Technologies em Londres. “´Só quando as refinarias começarem a reclamar de falta de fornecimento é que veremos uma recuperação sustentável”.
Excesso de combustível
Na China, o aumento na produção de gasolina foi acompanhado por uma subida na produção de diesel que excede o consumo e leva a um recorde de exportação. Agora, quando o segundo maior consumidor de petróleo do mundo enfrenta a mais fraca expansão econômica desde a década de 1990, há preocupações de que o mercado de gasolina também pode enfrentar excesso de produto.
Depois de exportar uma quantidade recorde de gasolina no ano passado, a China aumentou os embarques em fevereiro e março, de acordo com dados de alfândega compilados pela Bloomberg. Os estoques de destilados leves, incluindo gasolina em Cingapura, o centro de comércio de petróleo na Ásia, estão próximos ao recorde, enquanto os estoques de combustível nos EUA estão mais de 25 milhões de barris acima da média de cinco anos.
Os contratos futuros de petróleo estão a caminho de superar as previsões dos analistas pela primeira vez em um ano, mostram dados compilados pela Bloomberg. O barril do tipo Brent, referência para mais da metade do petróleo do mundo, passou de US$ 38 no mês passado, superando a previsão mediana para o segundo trimestre e chegando a US$ 48,14 em 28 de abril, a maior cotação em quase seis meses.
Os preços de Brent e WTI (a referência nos EUA) subiram mais de 60 por cento desde a queda para o valor mais baixo em 12 anos no começo de 2016. As posições especulativas compradas em WTI chegaram ao nível mais alto desde maio do ano passado na semana encerrada em 26 de abril, de acordo com dados da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC). As posições vendidas caíram para o menor patamar dos últimos 10 meses.
Persistência do excedente
É prematuro abraçar os indícios de alta do mercado porque o aumento atual nos preços está sendo impulsionado por fatores temporários, como perturbações no abastecimento, enquanto persistem os problemas de mais longo prazo no excesso de capacidade, afirmaram analistas do Goldman Sachs incluindo Jeffrey Currie em relatório de pesquisa de 22 de abril. Os fundamentos do petróleo são pobres e podem piorar, especialmente se os preços subirem, afirmaram analistas do Morgan Stanley em relatório de 25 de abril.
A produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) pode aumentar 1 milhão de barris por dia em junho, de 32,5 milhões em março, com a expansão da produção da Arábia Saudita e do Irã, de acordo com o Morgan Stanley. “Esforços mais agressivos” dos integrantes do grupo poderiam empurrar a produção diária para 34 milhões de barris, compensando o crescimento estimado da demanda global de óleo cru e o declínio na produção dos EUA em 2016, afirmou a instituição.
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