Por Pavel Alpeyev e Lulu Yilun Chen.
Para os investidores que estão contemplando as perspectivas para o mercado de smartphone depois do fraco resultado da Apple, fornecedores asiáticos acabam de dar algumas dicas: a situação vai piorar antes de melhorar.
Três fornecedores que raramente chamam muita atenção, porque trabalham nos bastidores fabricando aparelhos que são vendidos com a marca de clientes mais conhecidos, publicaram balanços na terça-feira. Eles significam problemas no futuro para fabricantes de smartphones e outras empresas que antes prosperaram com a febre de tecnologia móvel.
A Pegatron, que monta aparelhos iPhone, ficou abaixo das expectativas de lucro e disse que as vendas de abril caíram 16 por cento. A Minebea, que fabrica luzes LED para aparelhos móveis, não atingiu suas próprias projeções de receita e de lucros. A Japan Display, que fornece telas à Apple e a outros, disse que os lucros diminuíram tão rapidamente que a empresa perderá dinheiro neste ano fiscal e suspendeu o dividendo prometido. Para piorar, a Lenovo despencou para o nível mais baixo em quatro anos e os analistas alertam para o aumento da concorrência.
As fabricantes asiáticas de componentes estão no início da cadeia de abastecimento, por isso elas muitas vezes sinalizam o que vem pela frente para gigantes como Apple, Samsung e Xiaomi. A fabricante de iPhone revelou indícios da deterioração do mercado com a primeira queda de suas vendas trimestrais em 13 anos. Agora, alguns se preparam para um possível golpe triplo: vendas em queda, concorrência desenfreada por participação no mercado e queda dos preços.
“O setor de smartphone continuará desacelerando neste ano”, disse Richard Ko, analista da KGI Securities em Taipé. “A concorrência vai piorar e os preços provavelmente continuarão caindo”.
Mau presságio
A Pegatron e seus pares são somente o caso mais recente em uma série de maus presságios para um mercado que enfrenta seu pior ritmo de expansão desde que a Apple lançou o iPhone em 2007. Grande parte do pessimismo se centra na China, o gigantesco motor de crescimento que agora caminha para uma reestruturação épica. Os smartphones não são mais uma novidade e a maioria das marcas locais mira nas faixas de preços médios e baixos, em que os compradores não trocam seus aparelhos por modelos melhores com tanta frequência quanto os usuários de telefones Apple e Samsung.
Na verdade, nem todos são pessimistas. Os otimistas observam que legiões de usuários dos mercados em desenvolvimento – como a Índia – ainda não adotaram a tecnologia de alta velocidade 4G e isso será um impulso para as vendas. Mesmo admitindo o mal-estar, no mês passado a Taiwan Semiconductor Manufacturing transmitiu confiança de que telefones médios cada vez mais potentes e funcionais vão atrair consumidores atentos aos preços em países emergentes.
“O ritmo da desaceleração poderia não ser tão ruim quanto alguns temiam”, disse Mark Li, analista da Sanford C. Bernstein. Mesmo assim, “a tendência de desaceleração do smartphone é bastante evidente”.
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