Investidores em emergentes aumentam exposição à América Latina

Por Natasha Doff.

A mudança pós-populista da América Latina está convencendo os maiores investidores em títulos de mercados emergentes do mundo a colocarem mais dinheiro na região e há sinais de que o Leste Europeu esteja pagando o preço.

O fundo Global Bond da Franklin Templeton, de US$ 51 bilhões, mais que triplicou seus ativos no Brasil para 14,8 por cento no período de seis meses até 31 de março, segundo registros públicos, e cortou pela metade sua exposição à Europa emergente. Cinco dos maiores fundos de renda fixa focados em países em desenvolvimento, que gerenciam US$ 25,7 bilhões no total, aumentaram sua exposição à América Latina nos últimos 12 meses, mostram dados compilados pela empresa de pesquisa financeira Morningstar.

“A oportunidade está na América Latina”, disse John Carlson, gerente de recursos da Fidelity Investments em Boston, cujo New Markets Income Fund, de US$ 4,25 bilhões, mantém posições overweight “bastante estáveis” no Brasil, na Venezuela e no México e comprou eurobonds argentinos no mês passado. “Está ocorrendo uma mudança política positiva”.

O entusiasmo pela região, que enfrenta seu segundo ano seguido de recessão enquanto o restante do mundo emergente continua crescendo, decorre, em parte, da reformulação política que está colocando ex-executivos do setor bancário de Wall Street em cargos importantes do governo no Brasil e na Argentina. Enquanto esses novos líderes buscam traçar um limite para as políticas de seus antecessores populistas que expandiram os déficits orçamentários, a Polônia sofreu fugas de capital desde que o novo governo, que assumiu em novembro, levou a S&P Global Ratings a rebaixar a nota do país por esbanjar em gastos sociais e aparelhar as instituições estatais.

‘Mais interessante’

Os investidores estavam mais de 4 por cento overweight em relação à América Latina no início do mês passado e underweight em relação aos países emergentes da Ásia, da Europa, do Oriente Médio e da África, disseram analistas do Morgan Stanley em nota técnica publicada em 27 de abril. Além da mudança política, as economias ricas em recursos da América Latina, como o México, também estão se beneficiando com a recuperação de 74 por cento do petróleo em relação ao menor valor do barril em 12 anos, registrado em janeiro.

O yield médio do Bloomberg Latin America Sovereign Bond Index caiu 34 pontos-base em 2016, para 5,61 por cento, contra 4,58 por cento de um índice equivalente de dívida dos países emergentes da Europa, do Oriente Médio e da África. Os títulos locais com vencimento em 10 anos do Brasil rendem quatro vezes mais que dívidas polonesas equivalentes.

“A América Latina é muito mais interessante que o Leste Europeu no momento”, disse Jan Dehn, chefe de pesquisa da Ashmore Group em Londres, em entrevista coletiva, no início do mês. A empresa administra cerca de US$ 50 bilhões em mercados emergentes. “No próximo ano e meio vocês verão uma maior aceleração do crescimento global com base na América Latina, porque estes países tiveram a maior queda. Vemos uma enorme mudança, com governos populistas de saída na Argentina, no Brasil e muito provavelmente também na Venezuela”.

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