Por Luzi Ann Javier e Joe Deaux, com a colaboração de Ranjeetha Pakiam.
Diferentemente da maior parte do mundo, os investidores em ouro se deram bem quando chegou a hora de apostar no referendo sobre Brexit. Eles foram recompensados com a maior alta do mundo.
Os hedge funds ampliaram as apostas nos aumentos dos preços dos lingotes a um nível histórico apenas dois dias antes dos eleitores britânicos irem às urnas e decidirem deixar a União Europeia, agitando os mercados internacionais. Os futuros do ouro atingiram a maior alta em dois anos após o referendo. Essa trajetória selvagem do metal ainda não acabou. Os preços poderão subir mais 7 por cento até o fim do ano, segundo uma pesquisa da Bloomberg.
O aumento do ouro mostra que o metal está cumprindo bem o papel de refúgio. Na sexta-feira, seus preços registraram a maior elevação entre os ativos internacionais mais importantes. Os ganhos se somaram a um 2016 que já vinha sendo estelar para os lingotes. Os futuros caminham para o melhor início de ano desde 1979. A especulação de que o Federal Reserve manterá as taxas de juros dos EUA baixas ampliou a demanda pelo metal como reserva de valor e o cenário geopolítico volátil aumentou a compra de proteção.
O referendo do Reino Unido “é uma mudança fundamental e poderemos ver as consequências aparecerem durante um bom tempo”, disse Adrian Day, presidente da Adrian Day Asset Management, de Annapolis, Maryland, EUA, que administra US$ 165 milhões. “Há muitas incertezas e conflitos por lá e incertezas e conflitos são fatores positivos para o ouro”.
Posição recorde
Os gestores de recursos ampliaram em 6,7 por cento suas posições líquidas em futuros e opções de ouro, para 256.898 contratos, na semana que terminou em 21 de junho, segundo dados da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities dos EUA divulgados três dias depois. Este é o nível mais alto desde o início dos dados, em 2006. O recorde anterior era de 253.653, atingido em agosto de 2011 — apenas um mês antes de os futuros do ouro tocarem US$ 1.923,70, nível mais alto da história.
Em Nova York, os futuros avançavam 0,6 por cento na Comex, para US$ 1.330,50, às 12h50 pelo horário de Cingapura, ampliando o aumento de 2,1 por cento da semana passada. O metal chegou a subir 7,9 por cento na sexta-feira, superando os ganhos de outros importantes ativos de refúgio, como o iene e os títulos do Tesouro dos EUA. A maior parte dos mercados de ações internacionais caiu porque muitos investidores ficaram atordoados com os resultados do referendo britânico, que provocaram pânico nos pregões e levaram o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, a renunciar.
Os preços poderiam chegar a US$ 1.424 até o fim do ano, segundo a mediana de 12 projeções de uma pesquisa da Bloomberg com analistas e traders de Nova York a Londres, realizada na sexta-feira. Seria o nível mais alto desde agosto de 2013.
Para ter acesso a notícias em tempo real entre em contato conosco e assine nosso serviço Bloomberg Professional.