Por Javier Blas.
A Arábia Saudita, um país que é praticamente sinônimo de oferta abundante de petróleo, está transmitindo os sinais mais fortes até o momento de que a fartura que assola o mercado de petróleo desde 2014 está chegando ao fim.
Apesar da produção quase recorde, os estoques de petróleo do reino diminuíram em seis meses consecutivos, o período mais longo desde que a Joint Organisations Data Initiative (Jodi, na sigla em inglês) começou a monitorar os níveis do estoque saudita há quase 15 anos.
“A queda do petróleo saudita sinaliza que o processo de reequilíbrio começou”, disse Amrita Sen, analista-chefe de petróleo da empresa de consultoria Energy Aspects em Londres. “Os estoques de petróleo estão caindo em lugares onde os dados são obscuros ou onde o mercado não está prestando muita atenção”.
Com os traders de petróleo concentrados nas mudanças da oferta que ocorrem nos EUA e, em menor grau, na Europa e no Japão, a redução dos estoques sauditas passou praticamente despercebida. Desde outubro, quando as ofertas sauditas atingiram um recorde, os estoques caíram em 38,6 milhões de barris porque o reino forneceu mais petróleo ao mercado do que extraiu de seus campos petrolíferos. Durante o mesmo período, os estoques dos EUA subiram quase 61 milhões de barris.
“A Arábia Saudita não pode continuar reduzindo os estoques para sempre”, disse Olivier Jakob, da empresa de consultoria Petromatrix, na Suíça. Com os estoques em baixa, Riad “vai contribuir para o reequilíbrio” do mercado de petróleo no segundo semestre deste ano e em 2017, disse ele.
O novo ministro da Energia da Arábia Saudita deu sua própria opinião de que o mercado está saindo da abundância mundial.
“O pior claramente já passou”, disse o ministro da Energia, Khalid Al-Falih, à Bloomberg TV quando a Opep se reuniu em Viena, no dia 2 de junho. “Vemos um mercado equilibrado, vemos a oferta e a demanda convergindo. É possível que tenhamos iniciado reduções do estoque que vão continuar no futuro próximo”.
A quantidade de petróleo saudita em depósitos dentro e fora do país era de 290,9 milhões de barris no fim de abril, nível mais baixo desde agosto de 2014, de acordo com dados da Jodi. Além de usar tanques dentro do reino, a Arábia Saudita armazena petróleo em grandes instalações em Sidi Kerir, no Egito, em Okinawa, no Japão, e em Rotterdam, na Holanda.
De acordo com as tendências atuais, os estoques de petróleo saudita devem cair ainda mais, disseram analistas e traders. Em abril, o reino abasteceu o mercado – uma combinação de exportações de petróleo bruto, consumo interno de refino e queima direta nas usinas de energia – com aproximadamente 10,5 milhões de barris por dia, em comparação com a produção de apenas 10,2 milhões, o que provocou a queda dos estoques, de acordo com os dados da Jodi. Dados preliminares relativos a maio indicam a sétima redução mensal consecutiva dos estoques de petróleo, com uma queda de outros 5,6 milhões de barris nos estoques.
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