Por Lyubov Pronina.
O Bank of China está percorrendo a antiga Rota da Seda vendendo boas notícias: títulos de estreia da Arábia Saudita ao Cazaquistão.
Na maior incursão fora da Ásia de sua história, o banco estatal pode ter conquistado três mandatos para ajudar a administrar títulos em euro do mercado emergente, inclusive a venda internacional do governo saudita. O quarto maior banco da China é um dos nove subscritores contratados pelo reino que, segundo pessoas familiarizadas com os planos, pretende captar pelo menos US$ 10 bilhões para cobrir os rombos em seu orçamento.
Loucos para escapar dos rendimentos negativos no Japão e na Europa, os investidores asiáticos estão buscando retornos mais altos nas economias emergentes, e ter organizadores de sua região em consórcios para emissão de títulos facilita isso. Isso está colocando executivos do setor de Pequim e Tóquio na pole position para arrebatar mais negócios de seus concorrentes dos EUA e da Europa, que dominam o mercado de títulos em moeda forte do mundo em desenvolvimento, avaliado em US$ 350 bilhões.
“É provável que os bancos da China desafiem diretamente os bancos de Wall Street e do Japão em todas as suas linhas de negócios, inclusive na liderança para oferta pública”, disse Jan Dehn, chefe de pesquisa em Londres da Ashmore Group, que administra US$ 51 bilhões em ativos do mercado emergente. “Os volumes não são imensos, mas acho que se tornarão muito maiores do que são hoje”.
O Bank of China vem despontando no time de subscritores nos últimos sete anos, e passou do 145º lugar em vendas em todo o mundo em 2009 para o 46º lugar neste ano. Ter um escritório em Londres possibilitou que o banco se envolvesse em vendas de dívida de empresas no Reino Unido e na Europa, como a Sky e a British American Tobacco.
No entanto, até o momento, o banco não esteve ativo em emissões do mercado emergente fora da Ásia e foi nomeado para apenas duas transações em dólar entre 2013 e 2015. A maré está começando a virar. Somente em julho, o banco chinês ajudou uma empresa búlgara de energia, uma produtora cazaque de petróleo e a israelense Teva Pharmaceutical Industries a vender títulos.
Tudo isso é parte de uma estratégia de expansão para que tomadores de empréstimos tenham acesso à rede do Bank of China em um país com 1,3 bilhão de habitantes, disse Sebastian Ha, chefe de consórcio de dívida em Hong Kong do Bank of China, que operou em 41 países e regiões fora da China. “Estamos analisando algumas transações que nunca tínhamos tocado”, disse ele.
Realizar mais emissões de títulos em moeda forte ajudou o Bank of China a ser o principal organizador de 2,2 por cento das vendas feitas por empresas e governos em países em desenvolvimento, superando concorrentes japoneses como o Mitsubishi UFJ Financial Group, que coletivamente tiveram uma fatia de 1,3 por cento do mercado. Os US$ 350 bilhões em títulos vendidos em 2015 ainda se concentraram em cinco bancos, HSBC Holdings, Citigroup, JPMorgan Chase & Co., Deutsche Bank e Bank of America, que juntos ficaram com 42 por cento do mercado, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
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