Por Blake Schmidt.
O banqueiro argentino Jorge Horacio Brito acaba de ficar bilionário e deve um “obrigado” ao presidente Mauricio Macri por isso.
Brito é presidente do conselho, CEO e maior acionista individual do Banco Macro, que tem sede em Buenos Aires. Seu patrimônio aumentou quando Wall Street abraçou as políticas de Macri abertas ao setor financeiro.
Brito, 64, que não aparece em nenhum ranking internacional de riqueza, entra no Bloomberg Billionaires Index com um patrimônio líquido de US$ 1,2 bilhão, a maior parte oriunda da participação de 20 por cento no Banco Macro, que é avaliado em mais de US$ 850 milhões. O rali de 21 por cento do banco em dólares neste ano é o maior entre os quatro maiores bancos negociados em bolsa da Argentina, que foram impulsionados pelo apoio do novo presidente ao setor financeiro da segunda maior economia da América do Sul.
O restante do patrimônio de Brito vem de uma participação na empresa frigorífica de capital aberto Inversora Juramento, avaliada em cerca de US$ 200 milhões, e de interesses em energia e imóveis, incluindo um envolvimento próximo na reformulação do agora bairro nobre de Puerto Madero, em Buenos Aires. Brito preferiu não comentar sobre seu patrimônio.
Na eleição de novembro, os argentinos decidiram realizar uma mudança profunda ao eleger Macri, que cumpriu dois mandatos como prefeito de Buenos Aires e era um líder opositor de centro-direita, encerrando assim 12 anos de populismo de esquerda. Ele introduziu um programa de liberalização econômica, eliminando limites ao crédito pessoal, dando aos bancos margem de manobra para que estabelecessem suas próprias comissões e fechando um acordo com investidores para liquidar as reivindicações, que duravam uma década, relativas ao calote da dívida da Argentina. Macri também eliminou um imposto sobre as exportações agrícolas, em dezembro, o que ajudou a gerar uma alta de 36 por cento em dólares nas ações da Inversora Juramento nos últimos 12 meses.
Brito atuou durante 13 anos como presidente da associação dos bancos do país, cargo que garantiu a ele acesso aos escalões mais elevados do governo. Ele mantinha laços próximos com a dinastia Kirchner, que terminou no ano passado com a derrota de um aliado da ex-presidente Cristina Kirchner. Com Brito no comando, a associação dos bancos financiou o programa rodoviário do presidente Néstor Kirchner após sua eleição, em 2003. Diplomatas americanos posteriormente descreveram Brito como um dos assessores mais próximos de Kirchner no setor financeiro, segundo telegramas vazados pelo Wikileaks ao jornal La Nación em 2011.
Seu relacionamento com Cristina, a viúva de Néstor, foi menos cordial. Ela fez mais de um ataque notório a Brito no Twitter, incluindo uma acusação, em 2013, de que o banqueiro era favorável a uma desvalorização cambial que, segundo ela, iria “desestabilizar” o crescimento econômico do país.
Promotores investigam as ligações do Banco Macro com o vice-presidente de Cristina Kirchner, Amado Boudou, e pediram que Brito seja testemunha em um inquérito contra Boudou, acusado de abuso de poder para conseguir o controle da empresa que imprime papel-moeda na Argentina e de, posteriormente, ter ajudado a empresa a conseguir isenções fiscais. A empresa que Boudou teria usado para adquirir a firma impressora movimentou recursos por meio de contas no Banco Macro, segundo documentos judiciais. Boudou negou qualquer irregularidade. Brito não é suspeito no inquérito e escreveu ao juiz do caso em 2013 dizendo estar disposto a cooperar com a investigação.
O lucro do Banco Macro deu um salto de 26 por cento no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, para 1,4 bilhão de pesos (US$ 93 milhões), devido a comissões maiores. O banco está entre os que negociam com o Citigroup a compra de suas operações de serviços bancários de varejo e cartões de crédito na Argentina.
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