Por Vinicy Chan, Brett Foley e R.T. Watson.
China Investment Corp., fundo soberano de US$ 814 bilhões, lidera grupo de investidores chineses em conversas por um acordo multibilionário de streaming de minério de ferro com a Vale, disseram pessoas familiarizadas com o assunto.
O consórcio chinês negocia a compra potencial de uma parte da produção futura de minério da Vale por até 30 anos, disseram duas das pessoas, pedindo para não serem identificadas porque a informação é privada. A Vale poderia antecipar cerca de US$ 9 bilhões em recursos com a venda, disse uma pessoa. Nenhum acordo foi fechado e as negociações podem não resultar em uma transação, de acordo com as pessoas.
Algumas empresas chinesas e tradings japonesas também mantiveram discussões com a Vale sobre possíveis acordos, incluindo a aquisição de uma fatia minoritária em ativos brasileiros de minério da Vale, disseram as pessoas.
Uma transação de streaming permitiria ao CIC, controlado pelo governo do maior importador mundial de minério de ferro, lucrar com uma recuperação dos preços das commodities sem ter de arcar com todos os riscos operacionais associados às minas. A Vale, que disse que tentará levantar cerca de US$ 10 bilhões com a venda de seus melhores ativos até o fim do próximo ano, receberia recursos imediatamente, enquanto permaneceria no comando dos valiosos ativos.
Recuperação das commodities
A assessoria de imprensa do CIC, com sede em Pequim, não retornou telefonemas em busca de comentários e não respondeu imediatamente a perguntas enviadas por fax. Um representante da Vale não retornou telefonemas e pedidos de comentários por e-mail fora do horário comercial.
O Banco Mundial projeta uma recuperação modesta dos preços das commodities em 2017, diante do aumento da demanda. A instituição prevê que os preços do minério de ferro cairão no próximo anos, mas depois subirão para US$ 65 por tonelada por volta de 2025, de acordo com um relatório de julho. O minério com 62 por cento de conteúdo entregue a Qingdao caiu 0,3%, para US$ 60,71 a tonelada na quinta-feira, segundo a Metal Bulletin.
A Vale seguiu os passos da Freeport-McMoRan, da Glencore e da Anglo American, grandes mineradoras internacionais, e vendeu ativos depois que sua dívida líquida aumentou para cerca de US$ 27 bilhões em um momento em que a crise da commodity prejudicou os resultados. O CEO Murilo Ferreira levantou a perspectiva de vender alguns dos ativos mais preciosos da empresa em fevereiro, depois que a mineradora registrou seu primeiro ano de prejuízos desde 1997.
Na quinta-feira, a Vale disse que um tribunal brasileiro rejeitou a apelação de um processo vinculado com o rompimento da barragem de sua joint venture Samarco, que inclui uma garantia que proíbe a mineradora de vender participações em suas operações de minério de ferro. Uma transação de streaming esquivaria essas limitações.
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