Por Prashant Gopal.
A posição de Donald Trump de expulsar imigrantes ilegais está provocando angústia em muitos setores empresariais dos EUA atualmente e o nervosismo impera, mais do que em qualquer outro setor, no negócio de construção civil. Além de ser extremamente dependente de trabalhadores estrangeiros, esse setor já enfrenta há quatro anos a falta de moldureiros, colocadores de telhados, instaladores de painéis de gesso e pintores.
Essa escassez elevou os custos e desacelerou a construção civil, particularmente em estados como Califórnia, Arizona e Nevada, onde há grande quantidade de terrenos para subdivisões e a demanda por moradia é forte. Um dos principais motivos: os mexicanos pararam de cruzar a fronteira em massa. Na verdade, de acordo com o Pew Research Center, mais mexicanos voltaram para casa desde 2009 do que migraram para os EUA, e o auge da imigração ilegal foi em 2007.
Deportar milhões dos mexicanos que estão no país “seria devastador”, disse Mark Boud, economista chefe da empresa de pesquisa Hanley Wood, com sede em Washington. Isso significaria “menos residências construídas em um setor em que a oferta já é escassa”.
É claro que os empregadores que contratam trabalhadores ilegais podem receber multas federais e as construtoras dizem que são inflexíveis e contratam apenas trabalhadores legais. Mas parece que nem todos são tão cuidadosos ou capazes de verificar as equipes fornecidas por subempreiteiros, que dependem há muito tempo de mexicanos experientes. Estimativas conservadoras calculam que a proporção de empregos no setor da construção civil ocupados atualmente por trabalhadores ilegais é de 14 por cento.
A Associação Nacional de Construtoras de Residências (NAHB, na sigla em inglês) tem feito lobby de um novo programa de trabalhadores convidados: estrangeiros seriam recebidos nos EUA por períodos definidos para trabalhar na construção civil, com um visto especial obtido na embaixada de seus países. “Trump fala sobre um muro, mas nós precisamos de portas no muro, para saber quem está aqui e ter o controle de quem está aqui”, disse Suzanne Beall, diretora legislativa federal da NAHB.
Convencer os políticos “é uma batalha árdua”, disse Jerry Howard, CEO do grupo do setor. “A oferta contínua de mão de obra imigrante legal é importante para nós”.
O comitê de campanha de Trump não concorda com isso. Existe um “enorme conjunto” de americanos desempregados, com experiência e qualificações necessárias, “mais do que suficiente para atender às necessidades de mão de obra”, de acordo com um assessor sênior do candidato republicano, que pediu anonimato.
Havia 454.000 trabalhadores da construção civil desempregados nos EUA em agosto, o menor número para o mês em 16 anos, mostram dados do Departamento de Estatísticas do Trabalho dos EUA.
Entre em contato conosco e assine nosso serviço Bloomberg Professional.