Por Francisco Marcelino e Cristiane Lucchesi.
O UBS está apostando no setor imobiliário no Brasil.
O banco suíço está iniciando um novo negócio que ajudará investidores a acharem oportunidades em meio à queda nos preços dos imóveis após período de recessão no país, disse Sylvia Coutinho, presidente do UBS no Brasil, em entrevista em São Paulo. A consultoria especializada Real Estate Capital trabalhará exclusivamente com o time do UBS, com Moise Politi, presidente da REC, liderando a iniciativa, disse Coutinho.
O UBS se soma a bancos como JPMorgan e Grupo BTG Pactual ao apostar no mercado imobiliário brasileiro depois que a pior recessão em mais de um século reduziu o valor da moeda do país pela metade desde julho de 2011. A taxa de vacância de escritórios em São Paulo e no Rio de Janeiro ficou acima de 22 por cento no segundo trimestre, nível recorde, enquanto os preços dos aluguéis despencaram, segundo a consultoria imobiliária Engebanc. São Paulo ficou em 50º lugar em uma lista global dos mercados de escritório mais caros em junho após atingir o oitavo lugar em 2012, segundo a CBRE Group.
“O setor imobiliário sofreu muito no Brasil nos anos recentes, com a inflação, as taxas de juros elevadas e o desemprego”, disse Politi. “O mercado está travado hoje. Ninguém está vendendo, ninguém está comprando, não há financiamento, há muita inadimplência e o estoque de propriedades residenciais está em uma alta recorde”, disse ele, acrescentando que os investimentos ajudarão a trazer liquidez de volta ao mercado.
O novo negócio começará com a oferta de fundos imobiliários e consultoria para investidores institucionais e family offices e estenderá depois esses serviços a donos de grandes fortunas, disse Coutinho. O UBS também pode administrar investimentos individuais para um cliente e investir em conjunto, em um momento em que a estabilidade política no Brasil está reduzindo os riscos, disse ela, acrescentando que a equipe se concentrará em propriedades que já estão construídas.
Os fundos se concentrarão em três estratégias principais: investimento em dívidas imobiliárias, compra de ações em um escritório ou outra propriedade que gere apreciação do aluguel e do preço e aquisição de propriedades residenciais de vendedores de alto risco de crédito.
Os retornos podem ser tão altos quanto a inflação mais 10 a 12 por cento por ano, de acordo com Politi.
“A relação entre risco e retornos é muito razoável”, disse ele. “Os riscos são mais baixos do que se percebe porque o setor tem uma alavancagem muito baixa no Brasil.”
O time brasileiro, que será composto por sete pessoas do UBS e 10 da REC, estará ligado ao negócio global de setor imobiliário do UBS, que ajudará fundos soberanos de investimentos e grandes investidores institucionais que estão tentando entrar no mercado local, disse Coutinho.
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