Por Leonardo Lara com a colaboração de Ney Hayashi e Rafael Mendes.
Dois anos depois de uma recessão que levou as vendas de carros no Brasil ao menor nível em quase uma década, o presidente da General Motors no país espera que a situação comece a melhorar em 2017.
Carlos Zarlenga, presidente da GM Brasil e CFO para América do Sul, prevê que o volume de vendas do setor em 2017 retornará aos 2,4 milhões de unidades, acima dos 2,1 milhões esperados para este ano com o pior da crise ficando para trás e a economia se estabilizando. Ele vê a América do Sul como “grande oportunidade” para a retomada.
“Não tenho dúvidas de que o crescimento vai voltar ao Brasil”, disse o executivo em entrevista em 31 de outubro na sede da montadora em São Caetano do Sul, São Paulo. “Pode não acontecer neste mês, pode não acontecer no mês que vem, pode não acontecer em janeiro, mas quando eu penso em 2017 nós vamos ver um crescimento.”
Mesmo com o derretimento da indústria automobilística juntamente com a economia – um recorde de 3,8 milhões de carros foram vendidos no Brasil em 2012 – a GM está mantendo seu plano de investimentos de R$ 13 bilhões para 2014-2020. O plano incluiu o lançamento de vários veículos novos e o corte de custos, reduzindo sua força de trabalho para 16.000 funcionários, de 21.000 há dois anos. A empresa ultrapassou a Fiat Chrysler Automobiles em participação de mercado local com uma fatia de 20%, de acordo com dados da Anfavea.
“Vimos a realidade pelo que era e não pelo que queríamos que ela fosse. Somos agora uma empresa com uma estrutura de custos muito mais eficiente do que tínhamos no começo da crise”, disse ele.
A General Motors informou no final de outubro que mais que dobrou seu lucro líquido global no 3º trimestre de 2016 para US$ 2,8 bilhões e sua receita líquida global cresceu 10%, para US$ 42,8 bilhões, em relação ao mesmo período de 2015. Na América do Sul, o grupo reduziu o prejuízo para US$ 121 milhões em relação à perda de US$ 217 milhões no mesmo período de 2015, enquanto a receita líquida subiu de US$ 1,74 bilhão no 3º trimestre de 2015 para US$ 2 bilhões no período encerrado em setembro deste ano.
A melhora na confiança do consumidor deve ajudar a impulsionar a demanda reprimida por automóveis, disse Zarlenga. A agenda de reformas proposta pelo governo do presidente Michel Temer é um bom primeiro passo, mas o grande desafio para o setor automotivo está em ganhar eficiência, disse ele. As montadoras do Brasil não precisam de subsídios, mas sim de formas de se tornar mais competitivas, de acordo com o executivo argentino de 42 anos, que também vê potencial para a região se transformar em exportador no longo prazo.
“Em cada parte da cadeia de suprimentos você vê mais eficiência em outros mercados”, disse Zarlenga citando o México. “Não só na parte trabalhista que é muito importante, mas em tudo, desde a lei, o problema de processos que gera muitos custos adicionais.”
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