Por Rebecca Greenfield.
Para as mulheres no mercado de trabalho dos EUA, o mantra recomendando que buscassem apoio no escritório e obrigassem seus parceiros a fazer mais dentro de casa dava a impressão de que haveria uma grande mudança em termos da desigualdade de gêneros. E então veio a eleição presidencial de 2016.
Mas os dados já mostravam que ninguém deveria se surpreender com o fato de as mulheres serem julgadas por critérios diferentes, particularmente no ambiente profissional.
A diferença de salários está praticamente inalterada há décadas e poucas mulheres chegam ao topo da hierarquia empresarial. Nos últimos meses, McKinsey e LeanIn.org sondaram 132 empresas com mais de 4,2 milhões de funcionários. A conclusão é que, embora as mulheres entrem nas empresas em nível praticamente igual ao dos homens, somente um terço delas chega a cargos sêniores de gestão. Passado este nível, fica ainda mais difícil: um quarto chega a posições de diretora sênior e apenas 19 por cento ao primeiro escalão da empresa. Taxas de promoção mais baixas, menos acesso a mentores, missões menos desafiadoras e uma sensação de que não conseguem contribuir tanto durante reuniões: tudo isso alimenta a desigualdade.
Por trás dessas tendências costuma estar o entendimento equivocado de que as mulheres são menos qualificadas. Mais de três quartos das 1.000 pessoas sondadas pela MWW Public Relations e pela Wakefield Research descrevem líderes do sexo masculino como melhores na entrega de retorno financeiro e no desenvolvimento de estratégias. Outra pesquisa recente feita pela EY junto a 1.000 trabalhadores mostrou que 64 por cento acreditavam existir viés contra mulheres em posições de liderança. As mulheres costumam dizer com mais frequência que existe viés contra elas, mas mais da metade dos homens concorda.
No entanto, a realidade é bem diferente. Um relatório elaborado pelo Credit Suisse junto a 3.400 companhias em 2014 concluiu que empresas com mais gerentes sêniores do sexo feminino têm melhor desempenho financeiro do que companhias comandadas principalmente por homens. Na média, organizações com uma mulher na presidência entregaram retorno sobre o patrimônio
19 por cento maior e distribuição de dividendos 9 por cento maior do que empresas tocadas por homens, segundo o relatório.
Todas essas pesquisas foram realizadas antes da eleição. No entanto, para muitas mulheres, a derrota de Hillary Clinton no colégio eleitoral para Donald Trump significa que elas não chegaram tão longe quanto pensavam. “Um problema que acreditávamos estar a caminho de uma solução não está nem perto de ser resolvido”, disse Careen Winters, uma diretora de comunicação corporativa da MWWPR. “Estamos nos dando conta de que o universo onde pensávamos viver não é a realidade na qual vivemos.”
Além dos comentários grosseiros sobre mulheres e diversas acusações de assédio sexual, a vitória de Trump cristalizou a percepção para muita gente de que algumas conquistas são impossíveis para mulheres. Entre o eleitorado do sexo feminino, Hillary teve 12 pontos percentuais de vantagem sobre Trump. Entre as jovens de 18 a 29 anos, 63 por cento dos votos foram para a candidata democrata.
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