Por Michael McDonough.
A Amazon inaugurou uma loja física nesta semana sem pessoas no caixa, mostrando que ainda há muito abalo pela frente no mercado de trabalho dos EUA. A campanha do presidente eleito Donald Trump se baseou na promessa de trazer empregos de volta para o país, mas eventuais ganhos podem ser totalmente ofuscados por novas tecnologias.
Varejistas de diversos segmentos empregam nos EUA cerca de 3,5 milhões de pessoas nos caixas, de acordo com dados oficiais. A proliferação da tecnologia usada pela Amazon pode colocar muitas dessas vagas em risco. Além da Amazon, as redes de alimentação McDonald’s e Panera Bread começaram a instalar quiosques de autoatendimento. Juntas, essas companhias empregam cerca de meio milhão de trabalhadores. A tendência de autoatendimento está ganhando fôlego com o aumento do salário mínimo, que incentiva as redes de fast food a preferirem máquinas a pessoas. Com a economia dos EUA se aproximando do pleno emprego, é provável a aceleração da inflação de salários, que pode encorajar a implantação de tecnologias transformadoras em todo o varejo.
As mudanças no curto prazo vão muito além do varejo. Antes de a tecnologia de direção sem motorista chegar aos automóveis, deve chegar aos caminhões. A Otto, empresa comprada recentemente pela Uber, já usou um caminhão sem motorista para levar 2.000 engradados de Budweiser de uma fábrica da Anheuser-Busch na cidade de Loveland até Colorado Springs, viajando 190 quilômetros. Existem aproximadamente 3,5 milhões de caminhoneiros profissionais nos EUA, de acordo com a Associação Americana de Caminhões (ATA). Contando o pessoal de apoio, a ATA calcula que um a cada 15 trabalhadores atua no negócio de transporte rodoviário de carga. Novamente, a proliferação dessa tecnologia poderia colocar muitos desses empregos em risco. Os números não incluem motoristas de ônibus e táxi, que também devem enfrentar mudanças com a tecnologia.
Trump chamou muita atenção com a promessa de aumentar o número de empregos no setor industrial. Mas se essas novas tecnologias forem bem sucedidas e substituírem seres humanos em atividades de serviço, os ganhos de emprego na indústria podem ser ofuscados. O próprio setor industrial continuará usando avanços tecnológicos que podem aumentar significativamente a produtividade e diminuir a demanda por pessoal. Trabalhadores demitidos se verão forçados a encontrar emprego em novos setores da economia, talvez desempenhando atividades que ainda nem existem. Por exemplo, há 10 anos, não existiam desenvolvedores de aplicativos, especialistas em mídias sociais e analistas de big data – segmentos estes que agora estão em rápida expansão. Contudo, essas posições exigem muita qualificação e bastante treinamento, o que limita a mobilidade no mercado de trabalho.