Por Aleksandra Gjorgievska.
Diante da demanda reprimida em 2016 e dos desafios impostos pela imprevisibilidade do novo governo dos EUA, as empresas começaram o ano assinando acordos em massa.
A atividade global de fusões e aquisições movimentou US$ 224 bilhões em janeiro, o maior volume para o mês desde 2000, segundo dados compilados pela Bloomberg. Pela primeira vez desde 2008, a Europa ultrapassou a América do Norte na lista de alvos, com companhias como a farmacêutica suíça Actelion e a fabricante italiana de óculos Luxottica Group aceitando propostas de compra.
A demanda reprimida no ano passado (quando os investidores enfrentavam volatilidade nos mercados) e a alta dos rendimentos dos títulos (que encarece o financiamento dessas operações) contribuíram para o movimento recente, dizem analistas. E há um incentivo adicional: Donald Trump. Para alguns, os nomes escolhidos para compor o governo sinalizam uma abordagem favorável a fusões e aquisições. Outros avisam que a declarada objeção do presidente à megafusão entre AT&T e Time Warner é motivo de preocupação.
“Pode haver um sentimento de ‘Vamos resolver esses negócios logo antes que Trump realmente arregace as mangas’”, disse Jasper Lawler, analista de mercado da London Capital Group. “Os mercados acionários estão próximos de recordes, os rendimentos estão um pouco mais firmes e há uma sensação geral de confiança; ao mesmo tempo, o governo Trump pode ser um pouco mais hostil a acordos, considerando a retórica da campanha dele.”
As medidas de Trump durante o fim de semana — incluindo uma ordem executiva sobre imigração e a demissão da procuradora geral que se recusou a defender a ordem dele — estressaram investidores em vários mercados. Suas últimas decisões esfriaram o entusiasmo que havia tomado conta dos mercados desde a eleição. As transações mais populares com ativos financeiros dão sinais de esgotamento.
“Podem surgir medidas sem precedentes do tipo que vimos nos últimos dias voltadas para fusões e aquisições”, afirmou Ken Odeluga, analista da corretora City Index, em Londres. “Faz sentido para as empresas se apressarem com as atividades de fusões e aquisições agora porque, em algum momento, o governo vai se posicionar.”
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