Por Ranjeetha Pakiam.
A alta do minério de ferro está mostrando sinais de colapso. Após uma série de advertências de que os aumentos não seriam duradouros, a commodity sofreu a maior queda semanal em quase quatro meses devido ao temor maior em relação à força subjacente da demanda da China em um momento em que a oferta ainda está crescendo.
O aumento “foi baseado no otimismo em relação à demanda”, disse Caroline Bain, economista-chefe para commodities da empresa Capital Economics, por e-mail. “Sendo assim, acreditamos que o declínio recente reflete algumas dúvidas em relação à demanda da China.” Bain prevê um recuo para US$ 45 a tonelada até o fim do ano, valor 48 por cento menor que o preço desta sexta-feira e um nível registrado pela última vez em fevereiro de 2016.
O minério de ferro deu um salto em 2016 e ampliou os ganhos neste ano porque os estímulos levaram a uma demanda sustentada das usinas da China, gerando importações recorde que ajudaram a elevar os estoques portuários a altas históricas. O aumento impulsionou as mineradoras Rio Tinto Group e Vale, mas também desencadeou previsões de recuo. Entre aqueles que sinalizam uma possível fraqueza estão bancos como o JPMorgan, o presidente do banco central da Austrália e até mesma a produtora BHP Billiton.
“A economia da China vai desacelerar no decorrer deste ano porque as autoridades estão tentando deter o crescimento do crédito”, disse Bain, que prevê que a demanda pelo aço permanecerá estável, na melhor das hipóteses. “Existe espaço para que os preços caiam mais. A combinação da expansão atual da oferta com o momento de demanda apenas moderada sustenta nossa projeção.”
O minério com 62 por cento de teor ferroso em Qingdao — que atingiu US$ 94,86 a tonelada em 21 de fevereiro, nível mais alto desde agosto de 2014 — perdeu 5 por cento nesta semana e ficou em US$ 86,72, segundo números da Metal Bulletin. Os futuros em Cingapura e Dalian tiveram correções e caíram mais de 10 por cento em relação às altas recentes. As ações das mineradoras também caíram, sendo que a BHP apresenta declínio de 6,6 por cento em Sidney nesta semana, maior baixa desde maio.
A queda do minério de ferro se desenrolou em meio a um recuo geral das commodities. Os metais de base e o petróleo bruto caíram devido ao retorno das preocupações com a oferta excedente. As matérias-primas também recuaram com a valorização do dólar devido à expectativa de aumento do juro nos EUA.
Nesta semana, Peter Beaven, da BHP, disse que os mercados devem se preparar para um minério de ferro muito mais barato à medida que os impactos dos estímulos na China diminuírem, e o JPMorgan afirmou que os preços estarão mais perto de US$ 60 no fim do ano. Em fevereiro, o presidente do Reserve Bank of Australia, Philip Lowe, disse que as commodities recuarão.
Há sinais de uma oferta robusta, incluindo os carregamentos da nova mina S11D da Vale. As importações da China em fevereiro foram um recorde para o mês e os estoques nos portos do principal usuário permaneceram em torno de uma quantidade sem precedentes de 130 milhões de toneladas em 10 de março, após a expansão no período de cinco meses até fevereiro, segundo a Shanghai Steelhome E-Commerce.
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