Por Fabiola Moura.
A Oi e um de seus maiores acionistas reagiram à pressão por uma intervenção do governo para tirar a empresa brasileira de telefonia da recuperação judicial.
Grupos insatisfeitos com o plano de reestruturação da empresa estão pressionando o governo a intervir, embora o processo de recuperação judicial esteja seguindo seu curso e as operações não tenham sido afetadas, afirma Nelson Tanure, o segundo maior acionista da empresa. Ele não disse quem ele suspeita que venha pressionando o governo, que está lançando as bases legais para substituir a equipe executiva da Oi se o serviço começar a se deteriorar.
“Tem um jogo intelectualmente desonesto acontecendo”, disse Tanure em entrevista no Rio de Janeiro. “A Oi melhorou todos os índices de satisfação de seus clientes desde que entrou com pedido de recuperação judicial, mas há um grande lobby em Brasília” para a intervenção, disse ele.
Grupos que representam a maioria dos detentores de títulos da Oi rejeitaram a proposta mais recente da empresa para reestruturar US$ 19 bilhões em dívidas, afirmando que a oferta ainda favorece fortemente os acionistas. O plano permitiria que os detentores de títulos trocassem suas dívidas por uma participação que poderia chegar a 38 por cento, muito menos que os 95 por cento propostos por um grupo de detentores de dívidas. A Oi precisa de aprovação dos credores e de outras partes interessadas para sair da recuperação judicial e a companhia afirmou estar atenta às opiniões sobre o novo plano.
Uma tomada de controle pelo governo ocorreria em caso de uma deterioração iminente dos serviços de telecomunicações da Oi, disse o secretário de Telecomunicações, André Borges, em entrevista na semana passada. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) escolheria um executivo com a experiência apropriada para administrar a Oi, disse ele. “A única preocupação que se tem é a preservação dos serviços”, disse Borges.
Uma medida provisória que dá ao governo a opção de assumir as operações da Oi provavelmente será publicada nos próximos dias, afirmou o jornal Valor Econômico na sexta-feira. O governo não vai intervir imediatamente na companhia após a publicação da MP, o que dá aos acionistas uma última chance de pressionar por um acordo com os credores, afirmou o Valor.
Durante a entrevista da Bloomberg com Tanure, na sexta-feira, a Oi divulgou um comunicado afirmando que a administração está “comprometida em garantir a sustentabilidade da companhia e os resultados positivos que tem obtido demonstram a viabilidade da empresa e sua robustez operacional”. A Oi divulgou um lucro operacional para o quarto trimestre na semana passada que superou as estimativas dos analistas e encerrou 2016 com R$ 7,85 bilhões (US$ 2,5 bilhões) em caixa.
Uma intervenção do governo interromperia as operações e causaria prejuízos para todas as partes envolvidas, disse Tanure.
“Os executivos da Oi são extremamente sérios e competentes. São eles que têm de estar à frente da empresa”, disse Tanure. Os executivos e o conselho estão em plena harmonia e buscam um acordo com os credores, o que inclui a Anatel, bancos públicos e privados e também detentores de títulos e de créditos menores, como fornecedores.
“É parte do nosso comprometimento também buscar intensamente e incansavelmente as alternativas possíveis para viabilizar o entendimento, o mais rapidamente possível, entre acionistas e credores”, disse o CEO da Oi, Marco Schroeder, em comunicado.
Entre em contato conosco e assine nosso serviço Bloomberg Professional