Por Marvin G. Perez.
A temporada de ovos de Páscoa está a todo vapor, mas os fundos de hedge não sentem a animação proporcionada pelo açúcar.
Com o aumento das expectativas de superávit global do produto, gestores de recursos diminuíram suas apostas na disparada da cotação por seis semanas consecutivas. É a fase mais longa desde agosto de 2014. O movimento ajudou a derrubar os contratos futuros em Nova York em aproximadamente 14 por cento neste ano, marcando uma das maiores perdas entre os 22 componentes do Bloomberg Commodity Index.
A queda do preço ocorre em meio às preparações para a Páscoa, que neste ano será comemorada em 16 de abril. O feriado é celebrado com doces por quase 90 por cento da população nos EUA, segundo a Federação Nacional de Varejo. Os contratos futuros atingiram a menor cotação em 11 meses na semana passada, diante de importações decepcionantes pela Índia (maior consumidor mundial), da enorme safra no Brasil (maior produtor mundial) e de especulações de que a demanda vai esfriar na China.
“O mercado estava esperando que a Índia comprasse mais”, disse Paula Yamaguti, economista de commodities do Itaú Unibanco Holding, em São Paulo. “Esperamos que os preços permaneçam em tendência de baixa.”
Os fundos reduziram as posições líquidas compradas (a diferença entre apostas de aumento de preços e queda de preços) em açúcar em 23 por cento para 43.381 contratos de futuros e opções na semana encerrada em 4 de abril, de acordo com dados divulgados pela Comissão de Negociação de Futuros de Commodities dos EUA (CFTC) três dias depois. É a menor posição desde 1º de março de 2016.
No Brasil, a previsão é de recorde na produção na região Centro-Sul na temporada que começou em 1º de abril, segundo a consultoria FG/A, de São Paulo. O aumento de oferta levou a projeções de superávit global. A estimativa do Rabobank International é de 2 milhões a 3 milhões de toneladas. Já o Société Generale estima uma sobra de 5 milhões.
Os americanos gastarão US$ 2,6 bilhões em doces para a Páscoa.
Talvez seja boa ideia estocar. Após a recente queda de preços, usinas no Brasil podem usar a cana para produzir etanol em vez de açúcar, o que ajudaria a estabelecer um piso para o preço do açúcar, de acordo com relatório divulgado pelo Citigroup na semana passada, escrito por um grupo de analistas que inclui Aakash Doshi.
Para quem curte a Páscoa, a queda de preços já chegou às prateleiras dos supermercados dos EUA. Nas quatro semanas encerradas em 26 de março, o preço médio de produtos de chocolate era 7,7 por cento menor do que no período anterior, segundo dados da firma de pesquisas IRI, de Chicago, compilados pela Bloomberg Intelligence.
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