Por Gerson Freitas Jr., David Biller e Julia Leite.
Os frigoríficos brasileiros podem perder até US$ 1,5 bilhão em exportações neste ano depois que um escândalo de corrupção que levantou questionamentos em relação à qualidade da carne levou diversos países a restringirem as compras no mês passado, disse o ministro da Agricultura do Brasil.
“Não ficaria muito surpreso” se o Brasil perdesse imediatamente 5 por cento a 10 por cento de sua fatia de mercado, disse Blairo Maggi, em entrevista em São Paulo, acrescentando que a estimativa ainda é preliminar. O impacto pode ser amenizado pelo aperto na oferta de frango em meio à disseminação da gripe aviária na Ásia, na Europa e nos Estados Unidos.
Maggi está à frente de uma ofensiva diplomática desde que as acusações de que os frigoríficos subornavam fiscais sanitários para a liberação de produtos vieram à tona, no mês passado. Para ele, a primeira fase da crise está encerrada, com a maior parte dos países tendo retomado a compra de carne do Brasil após uma breve suspensão. Contudo, a reconquista da confiança dos consumidores é um trabalho ainda a ser feito, disse ele.
“A próxima etapa é a mais complicada porque é com o cliente, o consumidor que, na ponta, escolhe um ou outro produto”, disse o ministro.
A Polícia Federal anunciou a chamada Operação Carne Fraca em 17 de março. A PF afirmou que 21 empresas, incluindo as líderes de mercado JBS e a BRF, estavam envolvidas no suborno de fiscais agropecuários, revelando detalhes sinistros sobre carne contaminada e adulterada. O destaque dado às revelações foi prontamente respondido por uma enorme campanha de mídia armada pelo setor da carne e pela tentativa do governo de tranquilizar o público.
As exportações de carne do Brasil estão enfrentando inspeções mais rígidas nos países importadores, uma medida que, segundo Maggi, acabará mostrando que os procedimentos de segurança realizados pelas autoridades e empresas brasileiras são apropriados.
Na terça-feira, a Arábia Saudita concluiria uma auditoria nos frigoríficos brasileiros. Maggi e representantes do Ministério da Agricultura devem viajar à Europa e a países como China, Hong Kong e Arábia Saudita nas próximas semanas e meses para tranquilizar os importadores a respeito da qualidade da carne brasileira.
O Brasil responde por 20 por cento das exportações globais de carne bovina e por quase 40 por cento das de frango. As carnes responderam por quase 10 por cento das receitas do Brasil com exportações no ano passado, com BRF e JBS figurando entre as maiores empresas do país.
As ações da JBS caíram 13 por cento desde 17 de março, quando surgiram as notícias sobre a investigação. As ações da BRF tiveram um declínio de 3,8 por cento no mesmo período.
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