Volta da Samarco depende de acordo com prefeito de Santa Bárbara

Por R.T. Watson.

Com 34 anos, o prefeito de Santa Bárbara, Minas Gerais, representa o principal impedimento à retomada das operações da Samarco após o desastroso rompimento da barragem.

Ao se recusar a autorizar o uso da água do rio, Leris Braga está adiando a permissão para que a joint venture de BHP Billiton e Vale possa recontratar milhares de trabalhadores e volte a gerar caixa para pagar dívidas.

Braga pode ser um vilão aos olhos dos detentores dos títulos da empresa e dos desempregados da região, mas diz que apenas está tentando fazer com que a empresa cumpra suas obrigações.

“A prefeitura de Santa Bárbara não vai receber um centavo”, ele declarou em entrevista na prefeitura da cidade, fundada há três séculos. “Eu não estou fazendo uma troca para eles obterem o documento de que eles precisam.”

A tentativa dele é fazer com que a Samarco financie medidas para proteger a qualidade da água. Especialistas em saneamento básico elaboraram um plano que custaria aproximadamente R$ 70 milhões. A empresa está sem dinheiro e resiste às exigências de Braga. Em 18 de abril, os dois lados se reunirão por determinação judicial.

A Samarco usava água do rio antes da suspensão das licenças devido ao estouro da barragem em novembro de 2015, que matou 19 pessoas e poluiu águas em dois estados.

A capacidade da mina de cumprir o objetivo de retomar as operações no segundo semestre e reiniciar pagamentos sobre US$ 2,2 bilhões em títulos dependerá de um acordo com Braga. O jovem prefeito afirma que a minimização do impacto do uso da água do rio deveria ter sido formalizada quando o antecessor dele concedeu esses direitos.

Sem acesso a água, a Samarco não consegue completar os estudos ambientais necessários para requerer licenças de mineração. No fim do mês passado, a companhia informou que a disputa com Santa Bárbara estava ameaçando o cronograma de retomada dos trabalhos.

Desempregados

Os obstáculos aos planos da Samarco prejudicam outro jovem prefeito em Minas Gerais.

Duarte Junior, 36 anos, assumiu a prefeitura de Mariana, a cidade mais afetada, poucos meses antes do desastre. Hoje, cerca de 9.000 pessoas estão sem trabalho porque a Samarco não opera.

O prefeito Junior disse em entrevista que Braga deveria aceitar um acordo que adiantasse a situação em Mariana, mas que a Samarco deveria ter lidado melhor com a situação.

A Samarco disse que entregou um estudo de autodepuração para o município de Santa Barbára que “comprova que não há impactos significativos da captação de água pela Samarco”. A Vale, sediada no Rio de Janeiro, e a BHP, em Melbourne, não quiseram comentar.

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