Por Thomas Penny.
Na extensa área urbana das Midlands inglesas, a cidade de Walsall é famosa por fabricar produtos de couro e por quase nada mais.
Foi nesses lugares anônimos em antigos centros industriais que o desejo do Reino Unido de abandonar a União Europeia foi mais forte e onde a decisão da primeira-ministra Theresa May de chamar seu país para votar mais uma vez em menos de um ano terminará sendo hábil ou temerária.
Walsall foi um bastião do Partido Trabalhista, que há menos de uma década estava no governo, mas cuja confusão levou May, líder do Partido Conservador, a convocar eleições. Desde a década de 1980 que o país não estava tão dividido social e politicamente, e cidades como esta precisam reconciliar seu apoio entusiasta ao Brexit com o dos adversários de May.
“Eu votei para sair da UE e neste ano vou votar nos conservadores”, disse Alan Smith, 61, enquanto passeava com a esposa ao lado do canal em Walsall, parte de uma rede desenvolvida durante a Revolução Industrial no fim do século 18. “A chave para mim é a Europa. Os conservadores querem sair e o Partido Trabalhista quer ficar. O Partido Trabalhista diz que eles vão sair, mas eu não acredito neles.”
As bolsas de Thatcher
Apesar de a fábrica de couro de Launer em Walsall fazer as bolsas da ex-primeira-ministra conservadora Margaret Thatcher, a cidade nunca abraçou sua política. Mas Walsall se tornou um microcosmo de como o conflito de visões poderia resultar para May, e para a Grã-Bretanha, depois que a UE estabeleceu sua posição unida sobre o Brexit no fim de semana passado.
Ao convocar a eleição de 8 de junho, o objetivo declarado de May é fortalecer seu mandato para o que ambas as partes consideram que será um período de negociações duras e prolongadas.
A campanha dos conservadores se concentrou na ameaça de o Partido Trabalhista retroceder em relação ao Brexit. Pesquisas de opinião mostram que o Partido Trabalhista, dirigido por Jeremy Corbyn, tem uma desvantagem de até 20 pontos percentuais.
A questão na eleição é quanto de seu apoio o Partido Trabalhista perderá e o que acontecerá com os votos do Partido da Independência do Reino Unido (UKIP, na sigla em inglês), cuja política principal é sair da UE. Agora que isso está acontecendo, os conservadores de May poderão ser beneficiados. Uma pesquisa de Matthew Goodwin, um acadêmico da Universidade de Kent, mostra que 31 distritos do Partido Trabalhista estarão em perigo se só metade dos eleitores do UKIP votarem em May.
Walsall votou para sair do maior bloco comercial do mundo por 68 por cento a 32 por cento. Seus dois legisladores, ambos do Partido Trabalhista e contrários ao Brexit no referendo do ano passado, defendem maiorias que não são de modo algum indiscutíveis.
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