Por Christopher Jasper.
Em duas décadas como diretor de vendas da Airbus, John Leahy acumulou a impressionante cifra de mais de US$ 1 trilhão em encomendas, que variam do diminuto A318 com preço de tabela de cerca de US$ 75 milhões ao double-decker A380, que custa mais de US$ 400 milhões. Leahy se prepara para aquele que provavelmente será seu último salão aéreo internacional — o de Paris, um evento no qual a Airbus normalmente anuncia negócios de muitos bilhões de dólares –, mas sua última participação pode decepcionar.
No momento em que representantes de fabricantes, fornecedores e empresas aéreas se preparam para o encontro no Le Bourget, um aeródromo histórico que fica no limite norte da capital francesa, as operadoras realmente não estão em modo compra. Após uma série de lançamentos bem-sucedidos de produtos ao longo dos últimos anos, a Airbus tem pouco de novo para mostrar e sua carteira de pedidos já está preenchida com acordos por aviões que se estendem por quase uma década. A rival Boeing, por sua vez, tem um novo modelo, uma versão atualizada de seu 737, que provavelmente atrairá uma enxurrada de compradores.
Leahy, no entanto, é um mestre do teatro dos salões aéreos, por isso ninguém espera que ele deixe Paris de mãos vazias. “Não se preocupe com John Leahy”, diz o CEO da Airbus, Tom Enders. Apesar de Enders ter preferido não comentar as perspectivas de negócios para o salão, ele disse que seu colega “viverá para sempre” nos anais da Airbus, tendo sido responsável pela maior parte dos mais de 17 mil jatos vendidos pela empresa de quase 50 anos.
O nova-iorquino de 66 anos, que passou por várias unidades da Airbus desde 1985, viu vários colegas passarem pela mesma função na Boeing desde que foi nomeado chefe de vendas, em 1994. No período, ele ampliou a participação da Airbus no mercado de aviões de passageiros de 18 por cento para próximo de um equilíbrio de 50:50 com a Boeing e em 2012 foi nomeado oficial da Légion d’Honneur da França pelos serviços prestados ao setor.
Leahy diz que planeja se aposentar neste ano — “em breve” — e se mudar de volta da cidade-sede da Airbus, Toulouse, na França, para os EUA após entregar a operação de vendas ao seu vice Kiran Rao, 53. Ele não informou a data de saída e ainda pode permanecer até o Salão Aéreo de Dubai, em novembro, no qual as grandes aéreas do Golfo normalmente fazem suas encomendas.
Nos salões aéreos anteriores, Leahy se acostumou a usar as conferências de imprensa de encerramento para se gabar das encomendas dos dias anteriores, e muitas vezes conseguiu grandes negócios tarde da noite só para arruinar a corrida que a Boeing parecia prestes a vencer. Em 2013, ele brincou que provavelmente iria pescar, depois de garantir um volume tão grande de negócios em poucos dias que a Airbus acabou atingindo sua meta anual de encomendas.
Desta vez, ele estará à procura de um recesso mais permanente.
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