Por Anand Srinivasan, Kevin P. Tynan, Michael Dean, Jonathan Adams e Jeffrey Flynn
A estrada até os carros autônomos é acelerada, sinuosa e tem trânsito intenso
Carros que rodam sem motorista são o ápice tecnológico almejado por montadoras e empresas de software e tecnologia. Eles podem substituir os seres humanos em uma tarefa intuitiva e que consome muito tempo, por meio de mecanismos avançados de captação e reação. Diversas montadoras estão se aproximando desse objetivo, dando passos comedidos definidos por padrões tecnológicos comuns. O sucesso verdadeiro depende da velocidade de um avanço complexo em diversos setores conectados. O progresso pode ser ameaçado por regulamentações, custos e avanços a um preço pouco acessível.
Nova tecnologia torna automóveis melhores e mais seguros
Por trás dos carros autônomos estão diversos avanços tecnológicos que são significativos por si só. Alertas de faixa, freada de emergência e controle de estabilidade são funções que ainda precisam de intervenção humana, mas ajudam o progresso dessa tecnologia. A proliferação de câmeras e sensores mais modernos torna os carros mais seguros e conectados, por meio dos chips de telefonia celular e Wi-Fi há muito tempo utilizados pelos smartphones.
Separação de segurança e automação abre espaço para progresso no curto prazo
Os padrões da Sociedade de Engenheiros Automotivos para os Sistemas de Direção Automatizada são focados em automação, não em tecnologia de segurança. Muitos sistemas de segurança são capazes de monitorar as condições da via, mas não reagem às mesmas. Assim, o motorista é fundamentalmente envolvido. Ao buscar segurança e automação separadamente, mas combinadas em alguns modelos, as montadoras podem avançar tecnologias — como sonar e Lidar (sigla em inglês para detecção de iluminação e localização) — sem incomodar órgãos reguladores e seguradoras, que avaliam os sistemas de direção automatizada e a responsabilidade designada ao motorista.
Aon projeta queda de 40% nos valores das apólices de seguro automotivo em 30 anos
Segundo a Aon Benfield, vai demorar cerca de 30 anos (até 2050) para a frota autônoma de automóveis ser totalmente incorporada. Quando esse movimento se completar, a Aon estima queda de 81% na frequência de acidentes, que será parcialmente compensada pela maior severidade devido à exposição de sensores caros necessários à adoção da tecnologia de direção autônoma. A Aon espera queda de 20% nos prêmios das apólices até 2035 e redução de mais de 40% até 2050.
Ganhos de segurança do passado não impediram aumento dos valores das apólices
Historicamente, os avanços de tecnologia automotiva não reduziram os valores das apólices, uma vez que outros fatores fizeram pressão contrária, como o aumento do número de motoristas e de proprietários de veículos e uso mais intenso das rodovias. Nos últimos 10 anos, a taxa de mortalidade por 100 milhões de milhas viajadas (160 milhões de quilômetros) caiu 19% e alcançou 1,15 nos primeiros nove meses de 2016 (a taxa estava em 1,42 em 2006). Ainda assim, os valores das apólices de seguro automotivo subiram 28% no período para US$ 214 bilhões, segundo a A.M. Best.
No curto prazo, os carros “autônomos” virão com ressalvas
Honda, Audi, Ford e Volvo prometem que lançarão até 2018 automóveis que cumprem os padrões SAE 3 ou 4, mas os veículos podem estrear com ressalvas. Alguns podem ter limites de velocidade. Em outros, a parte autônoma pode se restringir a rodovias ou estacionamento. Há progresso em diversas frentes — aprendizado de máquinas, mapeamento, sensores, regulamentação e conectividade —, mas tudo isso pode não chegar ao mesmo tempo em 2018 ou 2019. A Tesla garante que seu software atende SAE-5, mas precisa de calibragem com base em informações do mundo real.
Ciclos longos de design automotivo dificultam grandes mudanças antes de 2019
O design dos modelos 2018 e 2019 já está quase pronto, sem espaço para mudanças notáveis. Mesmo pequenas alterações de hardware envolvem testes extensivos para garantir operação suave e segura. Mudanças de software são mais fáceis, mas atualizações dos Sistemas de Direção Automotiva envolvem expansão substancial no design de sensores, chips e hardware. O ritmo de evolução dificilmente será acomodado por ciclos de design definidos 12 a 24 meses antes do lançamento do produto.