Por Frances Schwartzkopff.
Será que a tecnologia aniquilou a inflação? E será que isso significa que os juros ficarão extremamente baixos por muito tempo?
Um dos maiores fundos da Escandinávia, o PFA Pension, com cerca de US$ 95 bilhões sob gestão, está se posicionando para um mundo no qual a resposta para as duas perguntas é afirmativa.
Allan Polack, presidente do PFA, vê poucos sinais de que os principais bancos centrais do planeta mudarão de postura no futuro próximo. E consequentemente, os preços dos ativos tendem a continuar subindo.
“Achamos que eles vão manter os juros extraordinariamente baixos por um período muito longo”, ele disse em entrevista na sede da PFA em Copenhagen. “Eles vão cessar, ou pelo menos cessar gradualmente, a flexibilização quantitativa. Eles não vão acumular mais ativos, mas manterão os juros baixos.”
“Embora tantos mercados estejam nos maiores níveis em registro”, afirmou Polack, a PFA acha que “a estabilidade aumentou. Então, apesar dos recordes, achamos que há mais fôlego.”
Para Polack, a inflação baixa (motivada pela tecnologia) e os juros baixos criaram um ambiente no qual os preços dos ativos poderão continuar avançando. Ele entende que a estabilidade financeira atingida recentemente pela Europa também justifica uma postura de investimento mais confiante. Segundo ele, há menor probabilidade de acontecer a correção acentuada do mercado que muitos acham inevitável.
“Do ponto de vista dos investimentos, temos um ambiente muito bom há vários anos, basicamente desde 2008”, disse Polack. “Achamos que pode continuar por algum tempo.”
A carteira de ações da PFA gerou retorno de 6 por cento no primeiro trimestre, seus investimentos alternativos tiveram ganho de 0,2 por cento, a carteira de imóveis avançou 2,4 por cento e os títulos de dívida deram retorno de 0,7 por cento.
Há “risco limitado de aumento dramático da inflação. Estamos passando da produção industrial para os serviços sendo mais automatizados. E como o mercado de trabalho basicamente migrou para a prestação de serviços na maioria dos países ocidentais, haverá impacto e a inflação se manterá em níveis aceitáveis, do ponto de vista de investimentos”.
Ou seja, graças à tecnologia, a relação entre juros baixíssimos e inflação parece ter se rompido.
“Por isso estamos menos preocupados, apesar da expectativa de inflação após tantos anos de juros extremamente baixos”, disse Polack. A PFA está preparada para um aumento contido dos rendimentos dos títulos europeus de longo prazo.
“Os rendimentos – talvez dos papéis longos, de 10 anos em euros ou da Alemanha – podem subir mais 50 a 80 pontos-base e tudo bem”, disse Polack. “Não é algo dramático, se ocorrer em um ou dois anos.”
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