Por Ryan Beene e Josh Eidelson.
Os sindicatos americanos estão pedindo calma em um momento em que o Congresso acelera a tramitação de leis para permitir veículos autônomos nas ruas, uma possível vantagem para alguns empregos representados por sindicatos e uma ameaça existencial para outros.
O comitê de Energia e Comércio da Câmara dos Representantes dos EUA aprovou na quinta-feira, por 54 votos a 0, uma lei que iniciaria o processo de mudança da regulamentação para permitir que carros e caminhões operem sem motoristas humanos. Uma legislação similar está sendo desenvolvida no Senado com um raro apoio bipartidário, esforço respaldado por fabricantes de veículos como Ford Motor e Tesla e também por empresas de tecnologia como Alphabet e Lyft, que estão desenvolvendo os veículos.
Os proponentes defendem benefícios como a segurança maior e a melhor mobilidade para idosos e deficientes. Mas as implicações para os trabalhadores podem ser significativas: os empregos associados à produção de veículos podem crescer, mas os motoristas comerciais podem acabar desempregados.
Larry Willis, presidente da Divisão de Transporte da AFL-CIO, uma coalizão de 32 sindicatos, disse que o Congresso está avançando muito rapidamente sem entender plenamente os efeitos dos veículos autônomos, que “provavelmente provocarão deslocamentos massivos de empregos e afetarão a segurança do trabalhador”.
“Apesar de o comitê ter tentado melhorar esse projeto de lei, é necessário um esforço maior para garantir a adoção de políticas regulatórias e trabalhistas adequadas para controlar a introdução de veículos autônomos na economia”, disse Willis, por e-mail.
Um estudo do grupo de pesquisas progressista Center for Global Policy Solutions estimou que uma rápida transição para os veículos autônomos poderia resultar em mais de 4 milhões de empregos perdidos nos EUA. Motoristas de táxis, ônibus e caminhões estariam entre os mais atingidos.
“Se tem alguém que precisa estar à mesa para discutir sobre tecnologia de direção autônoma, esse alguém é o motorista de veículos de entregas, o motorista de caminhão de longo curso e o motorista de táxi”, disse James P. Hoffa, presidente-geral do International Brotherhood of Teamsters, sindicato com 1,4 milhão de membros que representa esses motoristas, em comunicado.
Os representantes dos sindicatos pediram aos parlamentares que mantivessem o atual esforço legislativo focado nos carros de passeio — e não em caminhões e outros veículos comerciais — e, ao mesmo tempo, que abordassem as implicações em termos de emprego e segurança dos veículos autônomos.
Fez efeito o lobby dos sindicatos para que a Câmara de Representantes incluísse um limite de peso de 10.000 libras (4.535 quilos) na legislação. Isso significa que os semi-reboques automatizados e outros veículos comerciais sem motorista não poderão ser considerados da mesma forma que os veículos de passeio no projeto de lei.
“Definitivamente, valorizamos o reconhecimento da Câmara de ver que os veículos motorizados comerciais devem ser mantidos completamente fora da discussão por enquanto”, disse Sam Loesch, representante legislativo do Teamsters. “Eles têm toda uma série de desafios próprios.”
A demanda por carros autônomos poderia ser positiva para a United Auto Workers nas fábricas americanas da General Motors e da Fiat Chrysler Automobiles, disse Gary Chaison, professor emérito da Clark University especializado em relações trabalhistas e industriais.
No entanto, para os membros do Teamsters a tecnologia autônoma representa “um problema muito sério”, disse Chaison. “Sempre que alguém fala sobre entregas com drones ou entregas com automóveis autônomos, penso que se fala da eliminação de empregos sindicalizados devido às mudanças tecnológicas.”
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