Por Javiera Quiroga.
O crescimento econômico do Chile tomou fôlego no segundo trimestre após ter ficado praticamente estagnado nos três primeiros meses do ano. De acordo com o governo, é o primeiro estágio de uma recuperação sustentada da economia.
O Produto Interno Bruto se expandiu 0,9 por cento em relação a um ano antes, de acordo com relatório publicado no website do banco central nesta sexta-feira. O resultado ficou abaixo da projeção mediana de 1 por cento apurada na pesquisa da Bloomberg junto a 14 analistas.
Em relação ao trimestre anterior, o PIB avançou 0,7 por cento. “Esse dado valida um cenário de crescimento econômico baixo”, disse Miguel Ricaurte, economista-chefe do Banco Itaú Chile. O número “confirma nosso viés de baixa, que nos leva a revisar nossa previsão de crescimento no ano para 1,3 por cento, vindo de uma estimativa anterior de 1,6 por cento”.
O Ministério da Fazenda e o banco central projetam crescimento mais rápido no fim do ano, após os quatro cortes na taxa básica de juros desde janeiro, a disparada do preço do cobre e os recordes atingidos no mercado acionário. No entanto, são tênues as evidências de uma aceleração substancial. As vendas de bens duráveis e os investimentos em maquinário avançaram, mas a construção civil recuou.
Em grande medida, o desempenho apresentado no segundo trimestre foi motivado pelo fim da paralisação em Escondida, a maior mina de cobre do mundo, que fica no norte do país. Uma greve de 44 dias na mina em fevereiro e março reduziu a produção em 230.000 toneladas.
Perspectiva para os juros
O Chile enfrenta um quarto ano de crescimento lento e inflação abaixo da meta. Sendo assim, os economistas projetam mais um corte nos juros em setembro, de acordo com a última pesquisa mensal, publicada em 10 de agosto. Ainda assim, o estímulo monetário talvez não impeça o banco central de diminuir a previsão para a alta do PIB em 2017, atualmente no intervalo de 1 por cento a 1,75 por cento, no relatório trimestral de política monetária que será divulgado em 6 de setembro.
A demanda pode não se fortalecer de modo relevante até depois da eleição presidencial em novembro. O bilionário ex-presidente Sebastián Piñera disputará o cargo com candidatos da coalizão de governo e da esquerda.
“Embora nosso cenário básico inclua aceleração do crescimento na segunda metade do ano, não podemos descartar riscos de decepção”, disse Ricaurte. “Em particular, a incerteza em torno do resultado da eleição presidencial manterá o sentimento dos empresários e os investimentos contidos.”
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