Por Michelle Fay Cortez com a colaboração de Caroline Chen.
A semana passada foi histórica na luta contra o câncer. A Novartis obteve aprovação para o primeiro tratamento em uma nova classe revolucionária de medicamentos, pouco depois de a Gilead Sciences gastar US$ 11,9 bilhões em uma empresa de biotecnologia que trabalha nesse campo.
Nenhuma das duas pode cantar vitória. A pesquisa neste campo avança tão rápido que as descobertas revolucionárias de hoje podem se tornar ultrapassadas amanhã.
“Não consigo pensar em outros tratamentos em oncologia que tenham tido um desenvolvimento tão acelerado”, disse Rachel Webster, diretora sênior de oncologia da Decision Resources Group, uma empresa de pesquisa e consultoria em saúde em Londres. “Nos próximos meses e anos, com os novos tratamentos que são levados ao mercado, os melhores, e não necessariamente os primeiros, serão os vencedores.”
Os novos tratamentos celulares que reprogramam o próprio sistema imunológico do corpo para atacar tumores estão amadurecendo agora, mas seus desenvolvedores já estão se preparando para a concorrência. Ao contrário do que acontece com muitos medicamentos tradicionais, ser o primeiro não é suficiente. Produtos rivais podem eliminar o processo laborioso e caro que é necessário para elaborar cada tratamento a partir do zero. E as fabricantes de equipamentos estão desenvolvendo tecnologias para que hospitais e pesquisadores possam produzir tratamentos CAR-T por conta própria, evitando os laboratórios das companhias farmacêuticas.
“O tratamento CAR-T está em territórios desconhecidos, praticamente inexplorados”, disse Jay Bradner, presidente da Novartis Institutes for BioMedical Research, que lidera o desenvolvimento do tratamento celular na companhia farmacêutica suíça. “Temos que fazer apostas ousadas sobre onde poderemos causar o maior impacto.”
Muitos concorrentes
Parte do motivo pelo qual os primeiros produtos CAR-T serão tão vulneráveis aos recém-chegados deriva do complexo processo especializado por trás dos tratamentos. Ao contrário dos comprimidos produzidos em massa, esses tratamentos são únicos, adaptados para cada paciente através de um processo intrincado que demora semanas e envolve extrair células que combatem infecções do sangue; enviá-las a uma fábrica centralizada para que sejam reprogramadas; e enviá-las de volta para que sejam reinseridas no paciente em centros médicos.
A concorrência virá de uma ampla gama de inovações que poderiam simplificar esse processo: de frascos prontos para usar de células doadas, que poderiam ser armazenadas em hospitais, a equipamentos do tamanho de uma máquina grande de café expresso que possa criar tratamentos CAR-T no local. Entre as empresas que desenvolvem tecnologias que poderiam revolucionar o alcance do modelo CAR-T estão desde startups de biotecnologia até gigantes do setor, como as unidades de saúde da Johnson & Johnson e da General Electric.
É só o começo
Quinze anos depois de os pesquisadores começarem a incursionar por esse campo, o futuro dos tratamentos ainda não foi decidido, disse Bruce Levine, que ajudou a desenvolver CAR-Ts e é professor de tratamento genético contra o câncer na Faculdade de Medicina Perelman, da Universidade da Pensilvânia.
“O que eu vejo é a convergência entre diferentes campos, dos setores de robótica e automação, que estão penetrando na biotecnologia, no processamento de células e no tratamento genético”, disse Levine, pioneiro na fabricação de células CAR-T. “A trajetória é claramente ascendente.”
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