Por Carolynn Look com a colaboração de Alessandro Speciale e Piotr Skolimowski.
Com o Banco Central Europeu se preparando para reduzir seu programa de estímulos altamente acomodativo, autoridades de bancos centrais tentam acalmar os investidores.
“Foi dada muita ênfase aos temores da normalização das políticas”, disse Ardo Hansson, membro do Conselho do BCE, em um artigo escrito para a conferência do Eurofi, que acontece esta semana em Tallinn. “É preciso entender que o processo de normalização da posição das políticas é muito gradual e, na verdade, já foi iniciado.”
Os comentários do presidente do Banco Central da Estônia — que reconhecem que as compras de títulos do BCE diminuíram desde abril deste ano — estão em linha com a indicação do Conselho na semana passada, de que uma decisão sobre o próximo passo do programa deve ser tomada em outubro. Embora as autoridades de política monetária estejam considerando várias opções sobre como deve ser o processo gradual de redução de compras, alguns diretores demonstraram preocupação em relação à perspectiva de que as condições financeiras se tornarão mais restritas e prejudicarão a economia.
Hansson argumentou que o principal fator que contribui para a política acomodativa do BCE não é o nível de compras de títulos — atualmente programadas em 60 bilhões de euros (US$ 72 bilhões) pelo menos até o fim deste ano –, e sim o nível geral de excesso de liquidez no sistema.
Depois de mais de 2 trilhões de euros em compras de ativos, combinadas com taxas de juro negativas e empréstimos a custo zero para bancos, a economia do bloco está dando sinais de força embora a inflação continue abaixo da meta do BCE. A valorização do euro reforçou o receio de que as pressões sobre os preços ao consumidor serão amortecidas.
Sabine Lautenschlaeger, que faz parte do conselho executivo e já havia recomendado a normalização das políticas o mais rápido possível, admitiu o impasse na mesma revista do Eurofi, mas afirmou que as autoridades de política monetária precisam se preparar para agir.
“No final das contas, a festa vai continuar, e temos de estar preparados para tomar decisões difíceis na hora certa”, disse Lautenschlaeger. “Também temos de adaptar nossas comunicações de acordo.”
Perdendo disciplina
O presidente do banco central da Áustria, Ewald Nowotny, assumiu uma postura semelhante, dizendo que uma estratégia para reduzir os estímulos precisa ser “bem desenhada, precisa ser gradual, clara e consistente com nossa função de reação e orientação futura”.
Nowotny também disse que embora a retirada antecipada dos estímulos possa sufocar a recuperação, ao esperar muito corre-se o risco de permitir que os desequilíbrios aumentem. A opinião foi compartilhada pelo presidente do banco central da Holanda, Klaas Knot. Para ele, a “disponibilidade abundante” de liquidez diminuiu a disciplina do mercado.
“Um afrouxamento monetário prolongado é acompanhado por retornos menores, especialmente em uma situação de taxas de juro muito baixas”, afirmou.
“O parâmetro de risco se relaciona com os efeitos colaterais não intencionais de medidas de política monetária não convencionais. Quanto mais tempo persistirem as condições monetárias muito frouxas, maior será este risco.”
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