Por Craig Torres.
Será o Federal Reserve de Janet Yellen — não importa quem ocupe a presidência do banco central dos EUA.
A cada notícia que sai, os mercados financeiros tentam adivinhar se o presidente Donald Trump vai indicar Yellen a um novo mandato ou escolher um sucessor de postura mais agressiva, como John Taylor, economista da Universidade de Stanford. Os nomes dos responsáveis pelo Fed importam. Se tiverem credibilidade, eles influenciam dezenas de medidas, passando por regulamentação e pesquisas.
Mas em se tratando de política monetária, a estratégia de Yellen de acréscimos graduais nos juros e redução ultralenta do balanço patrimonial da instituição será dificilmente alterada rapidamente por um eventual sucessor. O Fed se guia pelos objetivos estabelecidos pelo Congresso, pelo que os dados afirmam a respeito desses objetivos e pela velocidade em que serão atingidos. O Fed não atingiu a meta de inflação na maior parte dos últimos cinco anos e os dados mostram poucos sinais de que o crescimento vai sair em disparada.
“Não acho que os fundamentos da economia permitem tanta mudança na trajetória”, disse Seth Carpenter, economista-chefe para os EUA da UBS Securities que já trabalhou como economista do Fed. “A maior oportunidade de mudança é na política para o balanço patrimonial e até nisso não vejo tanta mudança” que uma nova pessoa possa implementar.
Trump afirmou nesta semana que está “muito, muito perto” de anunciar sua escolha, que precisará da aprovação do Senado. Em entrevista ao canal Fox News exibida no domingo, o presidente mencionou Yellen, Taylor e um diretor do Fed chamado Jerome Powell, mas sem excluir outras opções.
Yellen ou Powell, que nunca teve um voto dissidente desde que entrou na diretoria da instituição, em maio de 2012, seriam escolhas de continuidade. Taylor seria diferente. Se escolhido, há pouca dúvida de que ele teria grande influência no longo prazo. No curto prazo, a maior mudança no Fed sob o comando de Taylor seria em termos de transparência, de acordo com Andrew Levin, professor da Faculdade Dartmouth que já foi aluno de Taylor.
“Ele tornaria a política monetária mais clara, mais transparente e com maior responsabilidade perante o Congresso”, acrescentou Levin.
Ritmo gradual
Sob Yellen, o comitê de política monetária subiu a taxa básica de juros somente quatro vezes desde dezembro de 2015, chegando a um intervalo entre 1 por cento e 1,25 por cento. As autoridades concordaram em demorar muitos anos para reduzir o balanço patrimonial (o processo foi iniciado neste mês) e sinalizaram mais um acréscimo nos juros neste ano (seriam três em 2017) e talvez mais três no ano que vem.
O futuro será bastante parecido como o passado recente, disse Nathan Sheets, economista-chefe da PGIM Fixed Income, braço de gestão de recursos da Prudential Financial. “O atual comitê afirmou que vai fazer três movimentos no ano que vem”, disse Sheets, que já foi diretor de divisão no Fed. “Acho que será mais ou menos isso – não importa quem esteja na presidência.”
O padrão gradualista foi imposto por diversos enigmas na economia, sendo o principal deles o aparente enfraquecimento da correlação entre desemprego baixo e inflação elevada. O crescimento na produtividade (produção por hora trabalhada) também está atipicamente reduzido e muitos economistas afirmam que isso está limitando os salários e o avanço da economia.
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