Por Jasmine Ng.
O minério de ferro terá um 2018 agitado, segundo o maior exportador do mundo, que alerta que a commodity pode sofrer grandes oscilações à medida que investidores e usuários navegarem nas correntes cruzadas geradas pelos esforços da China para gerenciar sua produção de aço e pelo aumento da produção das minas globalmente.
O preço será de em média US$ 52,60 por tonelada no ano como um todo, mas pode subir ainda mais no primeiro semestre quando a China relaxar o limite à produção de aço, com isso ajudando a demanda, antes de uma queda no segundo semestre, informou o Departamento de Indústria, Inovação e Ciência da Austrália em relatório trimestral, nesta segunda-feira. No ano passado, os preços à vista de referência foram de em média US$ 71,36 após serem negociados entre quase US$ 95 e pouco mais de US$ 50.
“A expectativa é que o preço do minério de ferro enfrente alguma volatilidade contínua no início de 2018 à medida que o mercado reagir à incerteza relacionada ao impacto das restrições à produção de inverno sobre a demanda do minério de ferro”, disse o órgão de projeções do governo. Após os seis primeiros meses, o preço deverá cair devido à oferta crescente de produtoras de baixo custo e à produção de aço mais fraca na China, acrescentou.
Produtoras de minério de ferro como BHP Billiton, Rio Tinto Group e Vale, além dos usuários e investidores, estão calculando o impacto da limitação sem precedentes da oferta de aço na China imposta pelas autoridades neste inverno para combater a poluição. A repressão resultou em uma queda inicial da produção de aço, mas deverá sofrer uma forte reversão quando a limitação for relaxada na primavera. As novas regras também contribuíram para o consumo de um minério menos poluente e de maior qualidade, tendência que se manterá, segundo a estimativa do órgão australiano.
“É provável que ocorra um forte crescimento da produção de aço e da demanda por minério de ferro depois que as restrições à produção no inverno forem canceladas”, informou o departamento, que faz projeções para os chamados preços free-on-board. “Contudo, após o primeiro semestre de 2018, o preço do minério de ferro deverá cair.”
Enquanto a China gerencia sua gigantesca indústria siderúrgica, a oferta de minério de ferro continuará aumentando. As exportações australianas subirão para 880 milhões de toneladas neste ano e para 894 milhões no ano que vem, contra 834 milhões em 2017, informou o departamento, e os embarques brasileiros aumentarão para 400 milhões de toneladas neste ano e para 424 milhões em 2019, contra 384 milhões no ano passado. No período, as importações chinesas continuarão estáveis e a Europa, a Índia e a Coreia do Sul comprarão mais, segundo o órgão de projeções australiano.
A perspectiva do departamento é semelhante à opinião do Australia & New Zealand Banking Group de que o minério de ferro manterá a firmeza nos primeiros meses antes de um declínio no segundo semestre. O Goldman Sachs Group é mais pessimista e cita a crescente oferta global e os riscos de a produção de aço atingir o pico na China.
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