Por Vanessa Dezem com a colaboração de Anna Hirtenstein.
No nordeste do Brasil, além dos resorts e das praias imaculadas, há uma região com alguns dos melhores ventos do mundo para gerar eletricidade.
Bem-vindo a Serra Branca. É o paraíso para uma usina eólica, com brisas tão perfeitas para girar turbinas que esta região brasileira é capaz de produzir mais energia eólica do que qualquer outro lugar do mundo. Na mais recente demonstração da eficiência do vento da região, a Voltalia, uma empresa francesa de energia renovável, acabou de obter contratos para construir mais parques que venderão a energia eólica mais barata da história do Brasil.
“Nossa estratégia é ganhar escala naquela região”, disse Robert Klein, gerente nacional da Voltalia Brasil, em entrevista. “O volume é muito importante para ser competitivo.”
O desenvolvimento da Voltalia mostra o quanto o mercado de energia eólica do Brasil é grande. O País já tem quase 11 gigawatts de turbinas em operação e foi classificado como o quinto mercado eólico do mundo com base nas instalações de 2016, de acordo com o Conselho Global de Energia Eólica.
As brisas consistentes dão ao País um fator de capacidade de 39 por cento, que é a quantidade de eletricidade produzida em comparação com seu potencial de produção se todas turbinas estivessem girando o tempo todo.
É o melhor fator de capacidade do mundo e, em Serra Branca, com velocidades médias mais altas e pouca variação na direção do vento, é ainda melhor. Dois dos parques eólicos existentes da Voltalia ficaram entre os cinco mais eficientes do Brasil em 2016, chegando a 60,8 por cento e 58,4 por cento, de acordo com a New Energy Finance.
O Brasil “possui claramente um forte recurso eólico, alguns dos melhores lugares de vento do mundo, por isso o País é um mercado potencialmente muito forte”, disse Gurpreet Gujral, analista do Macquarie Bank. O País pretende aumentar em 19 gigawatts a capacidade de energia limpa instalada até 2026 para diversificar a matriz elétrica local.
Mais eletricidade
A eficiência maior se traduz em mais eletricidade para vender, o que permite que a Voltalia ofereça preços mais baixos. A empresa obteve contratos para fornecer energia de cinco projetos com 155 megawatts de capacidade em um par de leilões organizados pelo governo no mês passado. Em um dos eventos, ofereceu fornecer eletricidade por R$ 96,90 (US$ 29,82) por megawatt-hora, um piso recorde.
A empresa deve investir R$ 867 milhões nos projetos, de acordo com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Eles devem estar conectados à rede em dezembro de 2020 para contratos do primeiro leilão. Para o segundo, eles devem estar conectados até dezembro de 2022.
A Voltalia está desenvolvendo um total de 1.000 megawatts de parques eólicos na região e deve participar também do próximo leilão, marcado para abril. A parceria com fornecedores, como as fabricantes de turbinas, também ajuda a empresa a reduzir os custos, disse Klein.
“Nosso apetite continua alto”, disse ele.
“As propostas da Voltalia foram surpreendentes”, disse Helena Chung, analista da Bloomberg New Energy Finance. “Mas a empresa tem um dos melhores desempenhos no Brasil, com projetos que funcionam com boas taxas de eficiência. E os preços das turbinas eólicas estão caindo, devido à alta concorrência nos últimos leilões.”
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