Por Tatiana Freitas.
Os produtores brasileiros podem estar iniciando a colheita da maior safra de soja da história do país.
Analistas, agrônomos e membros do setor percorreram campos do Paraná e de Mato Grosso do Sul na semana passada como parte de uma expedição organizada pela consultoria Agroconsult pelas lavouras do país. Encontraram plantas verdes e brilhantes, que foram beneficiadas por chuva abundante desde o plantio e por maiores investimentos no campo, como em sementes e fertilizantes.
“Acho que esta será a nossa melhor safra”, disse Celso Luiz Villani, produtor em Maracaju, Mato Grosso do Sul, acrescentando que a produção ainda depende de um clima favorável para a colheita em fevereiro. Villani plantou 4.500 hectares de soja neste ano, uma área maior do que os 4.250 hectares da safra passada. Ele espera colher no mínimo 5 sacas de 60 quilos soja a mais por hectare ante a média de 65 a 68 sacas por hectare que ele obteve no ano passado.
A expectativa de uma boa safra foi repetida por dezenas de produtores e agrônomos entrevistados durante a expedição conhecida como “Rally da Safra”. A possibilidade de a colheita alcançar ou até mesmo superar o recorde de 2016-17 –considerada remota no início desta temporada– agora já faz parte do cenário projetado por especialistas.
Mesmo que a produtividade permaneça estável ou até mesmo tenha uma ligeira queda em relação à safra passada, considerada “quase perfeita” por especialistas, a produção pode crescer com influência do aumento da área plantada. A safra abundante provavelmente significará que os exportadores brasileiros continuarão afirmando seu domínio do comércio global de soja para desânimo dos exportadores dos EUA, que enfrentam vendas mais lentas.
150 fazendas
Um grupo de pelo menos 20 pessoas visitou e inspecionou cerca de 150 fazendas durante a expedição, que percorreu cerca de 7.000 quilômetros por Paraná e Mato Grosso do Sul na semana passada. Os dois estados representam aproximadamente um quarto da produção de soja do país. Na semana anterior, a Agroconsult levou os participantes para Mato Grosso, principal produtor do país, onde a produção também pareceu promissora. A empresa de pesquisas continuará liderando a expedição, que cobrirá um total de 95.000 quilômetros, até o fim de março, quando será divulgada uma estimativa de rendimento final para a safra brasileira.
Antes do início da viagem, a Agroconsult estimava a safra do Brasil em 114,1 milhões de toneladas, ante 114,6 milhões de toneladas na temporada 2016-2017. A empresa de pesquisa estimava que a área plantada havia aumentado 3,2 por cento, para 34,98 milhões de hectares. Mas Heloisa Melo, analista da Agroconsult que liderou a segunda etapa da turnê, disse que “o viés da safra é de alta”.
A agência pode ter de elevar sua estimativa se as plantações de fazendeiros como Nelson Antoni servirem de parâmetro. Ele acredita que seus campos, no Mato Grosso do Sul, renderão 60 sacas de 60 quilos de soja por hectare neste ano, ante 56 sacas na safra passada.
“Nunca fiquei tão ansioso para colocar as máquinas no campo e ver os resultados da safra”, disse Antoni.
Ainda há tempo para o clima adverso atrapalhar a produção e diminuir o otimismo. A colheita de soja do Mato Grosso do Sul deverá se concentrar em fevereiro e a colheita no Paraná poderá ser estendida até a segunda quinzena de março depois de um atraso no plantio e de o ciclo da planta ter sido estendido devido ao tempo nublado e chuvoso em Janeiro. No Mato Grosso, maior estado produtor do Brasil, a colheita estava 12 por cento concluída em 26 de janeiro.
A boa notícia é que os produtores relataram que os danos causados por pragas e pela incidência de lagartas foram baixos neste ano depois que muitos produtores adotaram as sementes Intacta da Monsanto. Além disso, eles conseguiram controlar os prejuízos que poderiam ser desencadeados pela ocorrência maior de ervas daninhas. Já os produtores do Paraná vêm intensificando a aplicação de fungicidas para combater a doença da ferrugem asiática da soja.
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