Por Ben Bain e Matt Robinson com a colaboração de Dakin Campbell e Nick Baker.
Órgãos reguladores dos EUA estão analisando a implosão, neste mês, de investimentos que acompanham a turbulência do mercado acionário, inclusive para descobrir se práticas lesivas contribuíram para perdas acentuadas dos produtos negociados em bolsa que envolvem o índice VIX e são oferecidos por instituições como o Credit Suisse Group.
Segundo diversas pessoas a par do assunto, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) e a Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC) estão conduzindo uma ampla revisão das negociações desde o dia 5 de fevereiro, quando a volatilidade foi às alturas e investidores perderam bilhões de dólares.
Entre os que tentam descobrir o que aconteceu estão advogados da SEC que trabalham na divisão que investiga potencial má conduta e multa instituições que violam as leis, disseram duas dessas pessoas. Não há indicação até agora que firmas específicas, como o Credit Suisse, estejam sob inquérito.
A investigação coloca em evidência um pequeno segmento do setor de fundos negociados em bolsa (exchange-traded funds ou ETFs), que movimenta US$ 3,4 trilhões e permite que fundos de hedge ou mesmo investidores individuais se envolvam em estratégias complexas de negociação de instrumentos financeiros. Com o acúmulo das perdas, as acusações de manipulação do mercado estão chamando mais atenção e questionando a permissão dada a investidores com recursos limitados para comprar esses produtos.
Um porta-voz da SEC se recusou a comentar e a CFTC não retornou solicitações de comentário.
Os investimentos que implodiram há duas semanas se movem na direção oposta do Cboe Volatility Index, referência mais conhecida como VIX, que Wall Street usa como barômetro do estresse do mercado. Durante anos, apostas na queda do VIX deram certo porque a volatilidade era praticamente inexistente.
Isso mudou em 5 de fevereiro, após o Dow Jones registrar sua maior queda em pontos e os contratos futuros do VIX dispararem. No dia seguinte, o Credit Suisse anunciou que liquidaria o VelocityShares Daily Inverse VIX Short-Term ETN, um instrumento negociado em bolsa que movimenta quase US$ 2 bilhões e é conhecido pelo símbolo XIV. Já o ProShares Short VIX Short-Term Futures ETP desabou 83 por cento.
Diante dessas perdas, funcionários da SEC contataram o Credit Suisse, de acordo com uma pessoa com conhecimento direto das conversas. Nem o Credit Suisse nem a ProShares foram acusados de má conduta. A análise das autoridades reguladoras está em estágio inicial e não necessariamente levará a sanções ou novas regras. Porta-vozes do Credit Suisse e da ProShares se recusaram a comentar.
Termômetro do medo
O VIX mede o grau de medo do mercado e é empregado por investidores para fazer hedge de apostas na valorização das ações, uma vez que o índice costuma subir quando a bolsa cai.
O índice é calculado a partir dos preços das opções do S&P 500 e reflete a expectativa para a magnitude das oscilações no mercado acionário dos EUA. As apostas no VIX ficaram mais populares especialmente depois que a Cboe Global Markets introduziu contratos futuros atrelados ao índice, há mais de uma década.
Na semana passada, veio à tona que um delator anônimo alertou a SEC e a CFTC que a “manipulação desenfreada” do VIX está custando centenas de milhões de dólares por mês a investidores.
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