Por Vanessa Dezem com a colaboração de Brian Parkin.
As fabricantes de turbinas eólicas da Europa estão de olho na florescente indústria de energia renovável da Argentina, enquanto enfrentam dificuldades no mercado europeu.
O mais novo exemplo é a Nordex, fornecedora alemã de turbinas que planeja sua primeira fábrica de montagem na Argentina. Foi a segunda vez na semana passada que o país atraiu uma fabricante europeia.
A Argentina representa uma perspectiva positiva para as empresas internacionais do setor de renováveis em um momento em que o setor eólico enfrenta preços baixos e crescimento mais lento globalmente. O país recebeu US$ 1,8 bilhão em investimentos de energia limpa no ano passado, em comparação com quase zero em 2016, e tem metas ambiciosas, de acordo com a Bloomberg New Energy Finance. Isso é especialmente atraente para a Nordex, que projeta uma demanda fraca neste ano em seu principal mercado europeu e pretende reduzir custos.
“Pretendemos ser um nome muito ativo na Argentina”, disse Vincent Riedweg, head da Nordex na Argentina, em entrevista. “Ao localizar a produção na Argentina temos uma maneira de reduzir o custo da energia.” A empresa está em estágio avançado de negociação com uma parceira local que a ajudará com a nova fábrica, cujo anúncio formal deve acontecer em algumas semanas. O executivo preferiu não revelar a localização da nova unidade.
A Argentina obteve cerca de 60 por cento de sua energia a partir de combustíveis fósseis em 2016 e quase nada de fontes renováveis. O objetivo é aumentar o consumo de energia não poluente para 20 por cento até 2025, um plano que incluirá 10 gigawatts de novos parques eólicos – o equivalente a cerca de 10 usinas nucleares.
Isso está atraindo grandes empresas internacionais de turbinas, como a dinamarquesa Vestas Wind Systems, que anunciou em 13 de março a construção de uma fábrica de montagem na Argentina. A segunda maior fornecedora do mundo já é líder no país, com pedidos de quase 600 megawatts no ano passado.
A Nordex, com sede em Hamburgo, recebeu suas primeiras encomendas em dezembro de 2016 e em outubro concordou em fornecer turbinas para um projeto de 101,4 megawatts. Cerca de 80 por cento de suas receitas vinham da Europa antes da aquisição da espanhola Acciona Windpower, em 2016, que trouxe uma carteira de projetos nas Américas que reduziu essa proporção para 50 por cento. A companhia instalou cerca de 2.300 megawatts em componentes na América Latina e possui instalações de produção e montagem no Brasil, no Chile e no México.
Mercado ‘promissor’
“O fato de que os grandes nomes estejam entrando na Argentina é um sinal de que o mercado é promissor”, disse Ana Verena Lima, analista da Bloomberg New Energy Finance em São Paulo. Um obstáculo fundamental será a falta de infraestrutura de transmissão, que desacelera o desenvolvimento.
“As fabricantes de turbinas estão entusiasmadas com a Argentina, mas precisam considerar a perspectiva de longo prazo”, disse Verena. “Elas podem ter dificuldade em assinar contratos no futuro se novas linhas de transmissão não forem construídas.”
O financiamento também pode ser um obstáculo na Argentina, que tem um histórico de nacionalizar empresas estrangeiras e uma classificação de crédito inferior ao grau de investimento.
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