Por Cristiane Lucchesi.
Depois de um ano recorde em 2017, os fundos de hedge do Brasil continuam a crescer, à medida que a queda das taxas de juros dos títulos do Tesouro empurra os investidores em busca de alternativas.
“O enorme movimento dos produtos mais tradicionais para os fundos de hedge não acabou”, disse José Tovar, diretor executivo da Truxt Investimentos, em entrevista no Rio de Janeiro. “Também esperamos muito mais fluxos para o mercado de ações.”
A Truxt, hedge fund que Tovar criou há nove meses, já possui R$ 7,5 bilhões sob gestão e fechou dois de seus cinco fundos para novos investimentos. “Todas as empresas como a nossa chegarão ao máximo de sua capacidade muito rapidamente”, disse Tovar, ex-executivo do Bank of New York Mellon Corp. “Alguns dos melhores fundos de hedge do Brasil, as estrelas, estão fechados”, disse ele, acrescentando que “recém-chegados aparecerão, e isso é bom para o mercado.”
A indústria de fundos de hedge registrou ingressos líquidos de R$ 33 bilhões no primeiro trimestre, um ritmo que, se continuar, estabelecerá um segundo recorde anual após o total de R$ 97 bilhões do ano passado, segundo dados da Anbima.
“Mesmo os investidores de varejo estão mudando de fundos de renda fixa para fundos de múltiplas estratégias e de ações, usando plataformas digitais”, disse Ilan Parnes, sócio da JGP DTVM, empresa de gestão de ativos que supervisiona R$ 13 bilhões.
Os investidores de varejo adicionaram R$ 1,6 bilhão aos fundos de hedge em janeiro e R$ 1,1 bilhão aos fundos de renda fixa, segundo a Anbima.
Parnes disse que as perspectivas para os próximos meses vão depender da eleição presidencial de outubro. O otimismo para um resultado favorável aos investidores aumentou este mês, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a cumprir uma sentença de 12 anos de prisão por corrupção. Lula, que é o favorito nas pesquisas, assusta alguns investidores que acham que ele tentaria rever as reformas fiscais que consideram necessárias para manter a recuperação econômica nos trilhos.
“Se alguém do centro-direita com uma abordagem reformista vencer, outro rali nos mercados do Brasil pode definitivamente acontecer”, disse Fernando Rocha, economista-chefe da JGP.
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