Por Cristiane Lucchesi e Gerson Freitas Jr.
O recente recuo nos preços dos mercados emergentes pode levar a Suzano a levantar menos recursos com títulos globais do que o inicialmente esperado, disseram três pessoas com conhecimento direto do assunto.
A Suzano Papel e Celulose disse em março que poderia emitir US$ 6,9 bilhões em eurobônus para pagar um empréstimo-ponte de três anos para a compra da Fibria Celulose. Mas, com o mercado internacional de títulos de dívida menos atraente devido ao aumento das taxas de juros dos EUA, e o aumento da receita de exportação com o real mais fraco, a Suzano pode adotar uma abordagem diferente, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas porque as discussões são privadas.
A empresa pode usar recursos do caixa para pagar parte do empréstimo-ponte, disse uma das pessoas, que não quis fornecer mais detalhes. A Suzano também está buscando alternativas de financiamento, incluindo um outro empréstimo sindicalizado em dólares e títulos no mercado local, disseram as pessoas.
A Suzano informou que está avaliando as melhores opções e declinou fazer comentários adicionais.
Com menos eurobônus para vender, os bancos podem receber menos do que os US$ 30 milhões em comissões esperadas por liderar a transação, disseram as pessoas. Mais de 10 bancos estão participando do empréstimo-ponte de US$ 6,9 bilhões e receberiam um percentual dessas comissões, segundo as pessoas.
Em março, a Suzano acertou a compra da Fibria para criar uma empresa que representa quase um terço da capacidade global de celulose de fibra curta, matéria-prima para papel tissue e papel-escrita. O acordo, que ainda aguarda aprovação dos órgãos reguladores, envolve US$ 9,2 bilhões em financiamento fornecido pelo JPMorgan Chase & Co., pelo Mizuho Financial Group Inc., pelo Rabobank Groep e pelo BNP Paribas, que depois distribuíram o crédito para outros bancos. O empréstimo de US$ 6,9 bilhões com vencimento em 3 anos seria totalmente quitado com a emissão de eurobônus no mercado externo com vencimento em 7, 10 e 30 anos, disse a Suzano na época.
O rendimento dos títulos corporativos de mercados emergentes subiu em média 0,8 ponto percentual desde o início de março, para 5,6%. Os US$ 700 milhões em notas da Suzano com vencimento em 2026 estão agora pagando aos investidores 5,75% ao ano, acima dos 4,8%. Isso tornou outras alternativas de financiamento mais competitivas, disseram duas pessoas.
A emissão de debêntures e os certificados de recebíveis agrícolas, os chamados CRAs, também estão sendo estudados pela Suzano, disse uma das pessoas.
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