Por Josue Leonel e Felipe Saturnino com a colaboração de Rachel Gamarski.
Em meio a dúvidas sobre o impacto da greve dos caminhoneiros na economia, o IBGE deve divulgar nesta quarta-feira os dados do PIB do 1º trimestre com leve aceleração sobre os meses finais do ano passado. Números devem reforçar o sinal de continuidade da recuperação econômica, mas num ritmo mais lento do que sugeriam as expectativas iniciais e sem esclarecer como fica o PIB daqui para frente, dado o cenário de indefinição criado pela disparada do dólar e a crise de abastecimento a poucos meses de uma eleição bastante indefinida.
A estimativa mediana em pesquisa Bloomberg sobre PIB do 1T com 32 projeções aponta crescimento de 0,4%, acima da expansão de 0,1% do trimestre anterior. O crescimento no comparativo anual é estimado em 1,3%, abaixo dos 2,1% do primeiro trimestre de 2017.
Olhando para frente, o governo revisou há pouco sua projeção para o ano de 3,0% para 2,5%, segundo o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia. Mas ele reconheceu que a paralisação dos caminhoneiros terá impacto na atividade. Os bancos, por sua vez, que já vinham num processo de revisão para baixo de suas projeções, devem seguir com os ajustes.
O Santander é um dos poucos que oficialmente ainda estimam crescimento acima de 3%, mas deve revê-lo para baixo se os dados do PIB do 1T confirmarem uma baixa expansão, dizem Adriana Dupita e Rodolfo Margato, economistas do banco. Nova projeção estará próxima a 2,5% à luz dos indicadores já divulgados e o que está por vir, disseram.
Estímulos defasados
Para o 1º trimestre do ano, o Santander projeta avanço da indústria, agropecuária e serviços. Com “uma tonelada de estímulos monetários” defasados, a economia crescerá mais intensamente no futuro. “Um 1º trimestre fraco não sugere que os outros também serão”, dizem.
“É uma recuperação lenta, não há evidências de que parou”, diz Artur Manoel Passos, economista do Itaú Unibanco. O banco revisou há pouco a projeção para 2% no ano, ao incorporar o 1º trimestre fraco à estimativa, vendo ligeira alta na indústria, estagnação nos serviços e na formação bruta de capital fixo e alta no consumo familiar no primeiro quarto do ano. “Não vemos grande efeito de defasagem monetária: juros baixos devem estimular atividade, mas tem câmbio, balanço das empresas, e, considerando tudo, há um quadro de crescimento moderado.”
Alberto Ramos, economista-sênior do Goldman Sachs, afirma que, após a divulgação do PIB do 1T, é possível que sua projeção anual, hoje em 2,3% e originalmente em 2,6%, seja revista. Para Carlos Kawall, economista do Banco Safra e ex-secretário do Tesouro, a depender dos componentes do número, a projeção de crescimento de 2,8% em 2018 poderá ser revista para entre 2% e 2,5%.
Greve e o 2º trimestre
“O segundo trimestre deve ter maior crescimento em função dos cortes na Selic e mercado de trabalho mais positivo, mas a Rosenberg espera avaliar os efeitos da greve dos caminhoneiros na atividade, diz Thais Zara, economista-chefe da consultoria. Para o 1º trimestre, ela projeta desempenho negativo da agropecuária na comparação anual por uma safra menor que a do ano passado, bom desempenho de serviços e indústria, e consumo como driver para demanda.
“A recente turbulência nos mercados emergentes não ajuda o sentimento quanto ao Brasil, mas a contínua recuperação global e o crescimento da China são favoráveis”, disse Vladimir Miklashevsky, economista-sênior do Danske Bank. Ele prevê bom desempenho na produção industrial e no consumo, projetando aceleração moderada no crescimento a partir segundo trimestre até o quarto trimestre e PIB anual de 2,2%.
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