Por Vinícius Andrade e Paula Sambo
A confiança na Eletrobras parece estar desaparecendo.
“Dada a complexidade regulatória envolvida e as características do ambiente político pré-eleitoral, nós não recomendamos entrar no papel neste momento”, diz Adeodato Volpi Netto, estrategista chefe da Eleven Financial. O gatilho para qualquer tipo de valorização estrutural é a redução substancial da intervenção pública no comando da companhia, disse ele.
O ceticismo ocorre em meio ao crescente desconforto em torno da venda da estatal, um acordo que o governo espera que aconteça este ano, antes da eleição presidencial de outubro. A Eletrobras foi a joia da coroa do programa de privatização divulgado no ano passado, o maior de uma década, com 57 ativos destinados a leilão. Na época, o governo disse que espera faturar pelo menos R$ 40 bilhões até dezembro de 2018, uma quantia que ajudaria a impulsionar as contas fiscais drenadas pela recessão mais profunda já registrada e um amplo escândalo de corrupção.
“Achamos improvável a privatização neste ano”, disse Christopher Garman, diretor do Eurasia Group para as Américas, em entrevista. “Não deve sair no Congresso neste ano.”
Somando-se à incerteza está o impacto de uma greve dos caminhoneiros em todo o país, disse o analista do Banco Safra, Kaique Vasconcellos, em relatório. A Eletrobras foi rebaixada para neutra no Safra hoje e viu seu preço-alvo cair cerca de metade de R$ 28,10 para R$ 14,30. De acordo com dados compilados pela Bloomberg, os analistas reduziram seu preço-alvo consensual de um ano para a ação em quase 7% nos últimos três meses.
O leilão marcado para venda das distribuidoras de propriedade da Eletrobras marcado para 26 de julho pode se provar um catalisador de curto prazo, disse Vasconcellos, do Safra.
“É um um evento muito complicado de precificar. Não dá para confiar” que o Congresso aprovará a privatização, diz Vitor Suzaki, analista da Lerosa Investimentos.
Entre em contato conosco e assine nosso serviço Bloomberg Professional.