Por David Wethe
Do alto de uma duna na planície do Oeste do Texas, Greg Edwards olha para o oceano de areia que vai até onde a vista alcança, interrompido apenas por alguns trechos de asfalto ou silos bem altos.
Edwards administra uma mina de areia para uso em processos de fratura hidráulica. Os silos são seus concorrentes, que apareceram repentinamente e em toda parte. Debaixo do sol do meio-dia, ele aponta e cita cada empreendimento rival pelo nome: “Badger … Atlas … High Roller … Alpine … Black Mountain … Covia.”
Há apenas 12 meses, não havia nada ali, nem a mina da empresa que emprega Edwards, chamada Hi-Crush. A mina foi a primeira do tipo no Oeste do Texas. O primeiro dia de operação foi em 31 de julho de 2017. Logo em seguida vieram mais 10. E outras 10 tentam iniciar operações ali.
Juntas, essas empresas vão extrair e enviar aproximadamente 22 milhões de toneladas de areia neste ano para perfuradoras de xisto nas proximidades, na Bacia do Permian, que é o local mais badalado do planeta atualmente para exploração de petróleo. É uma quantidade impressionante de areia, quase um quarto da oferta total nos EUA. Segundo especialistas, em dois anos, as vendas podem passar de 50 milhões de toneladas.
David Cutbirth, prefeito da cidade mais próxima, Monahans, está perplexo com tanta novidade. Até a chegada dos mineiros, não havia nada nas dunas, que eram frequentadas apenas por aventureiros em buggies. O preço da areia era zero. Hoje, a tonelada sai por US$ 80 — o faturamento neste ano chegará perto de US$ 2 bilhões.
Nenhum fenômeno captura melhor o efeito multiplicador de dinheiro a partir da Bacia do Permian quanto a ascensão do Oeste do Texas como produtor de areia para fratura hidráulica, desbancando o Noroeste do Estado de Wisconsin.
Crescimento explosivo sempre traz risco de expansão exagerada. Mas isso não detém os empreendedores. A diretora financeira da Hi-Crush, Laura Fulton, ri da ideia, mas analistas e investidores que acompanham o segmento de longe consideram o movimento arriscado, apesar da força do mercado de petróleo.
Bola de gude vs. jujuba
A preocupação é evidente no mercado acionário. A ação da Hi-Crush recuou mais de 10 por cento desde meados de maio, assim como os papéis da U.S. Silica Holdings e da Emerge Energy Services. Já a Covia Holdings, formada recentemente a partir da fusão de duas grandes companhias de areia, perdeu 27 por cento desde que a ação começou a ser negociada, no mês passado.
Wisconsin surgiu como epicentro do mercado de areia quando a fratura hidráulica para extração de petróleo virou moda, há uma década. O grão de areia de lá é grande, rugoso e redondo, como uma bola de gude, ideal para abrir fissuras na rocha de xisto para o petróleo fluir para fora com facilidade.
O grão de areia do Oeste do Texas não é nem tão grande nem resistente, além de ter um formato esquisito, parecido com uma jujuba.
Por isso, foi ignorado por anos. No entanto, em meados de 2014, o preço do barril desabou e não havia lugar mais barato para extração de petróleo de xisto do que Permian. As empresas de exploração chegaram com tudo e começaram a questionar se fazia sentido trazer areia por ferrovia do Wisconsin, a mais de 2.000 quilômetros de distância, em vez de aproveitar o produto inferior, mas utilizável e abundante ali mesmo.
Uma frota de caminhões é usada para transportar a areia. Os veículos precisam entrar e sair das minas de modo eficiente. Na Black Mountain Sand, a meta é de até oito minutos. Um sistema automatizado determina como cada caminhão é abastecido e acelera o processo. A entrada de veículos é tão rápida que uma fila se forma do lado de fora. Nos dias mais agitados, chega a 100 veículos.
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