Por Vinícius Andrade.
A notícia vinda do Brasil é surpreendentemente boa, se for verdade.
As empresas brasileiras devem anunciar lucros bastante sólidos até o final do ano, disse o Itaú BBA. Os fortes resultados vêm na esteira de uma greve de caminhoneiros em maio que motivou revisões para baixo nas estimativas de lucros, da falta de liderança política e do enfraquecimento da moeda que está reduzindo o poder de compra dos brasileiros. O Itaú BBA vê uma valorização de 10% para o Ibovespa diante da sólida expectativa de crescimento de lucro.
“Ainda tem muito a ser recuperado em termos de lucros corporativos”, disse o estrategista de ações do Itaú BBA para o Brasil, Luiz Cherman, em uma entrevista na semana passada. Embora a recuperação econômica tenha perdido força e os prêmios de risco mais altos tenham prejudicado os valuations, o Itaú BBA tem uma posição em Brasil em seu portfólio acima dos pares na América Latina. Cherman vê o Ibovespa terminando o ano em 83.700 pontos. “Nos últimos anos, as empresas reduziram suas dívidas, cortaram os custos e agora estão em uma posição mais equilibrada para crescer novamente”.
O cenário para commodities continua bom e enfraquecimento do real deve apoiar as ações que não dependem tanto da economia doméstica, disse Cherman.
Em nota nesta segunda-feira, o Morgan Stanley espera que empresas na América Latina apresentem outro trimestre sólido no 2T18 em relação ao ano anterior.
“O portfólio atual do Itaú BBA está equilibrado para se beneficiar tanto da melhora da economia doméstica como para se proteger de alguns riscos”, diz Cherman, destacando uma preferência por empresas de utilidade pública e ações beneficiadas por ganhos em dólar norte-americana. Empresas de serviços públicos são mais protegidas dos riscos macro, disse.
Lista de recomendação de compra atual do Itaú BBA inclui Tim, Cyrela, Gerdau, Copasa, Fleury, Telefonica Brasil, Cemig, Estácio, Vale e Banco do Brasil.
Enquanto as taxas de juros mais altas nos EUA e a tensão comercial sejam os principais riscos no exterior, o resultado das eleições domésticas para presidente – e eventual mudança na política fiscal como consequência – é tema crucial para a segunda metade do ano.
Cenário base do Itaú BBA considera avanço nas reformas fiscais, mesmo com candidatos vistos como reformistas amealhando pouco apoio nas pesquisas até o momento. Volatilidade deve seguir alta na medida em que o pleito se aproxima em outubro, mas a crescente discussão sobre a questão fiscal do país é positiva.
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