Por Javier Blas, Heesu Lee, Alfred Cang e Dan Murtaugh.
As principais tradings de petróleo estão prevendo o retorno do petróleo ao patamar de US$ 100 pela primeira vez desde 2014, enquanto Opep e aliados enfrentam dificuldades para compensar as sanções dos EUA às exportações do Irã.
Com a escalada do petróleo Brent para o maior nível em quase quatro anos nesta segunda-feira, esse é exatamente o tipo de aumento do preço que o presidente dos EUA, Donald Trump, tem tentado evitar ao pressionar a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) a aumentar a produção. Mas o cartel e seus aliados deram sinais contraditórios em reunião em Argel, no domingo, mostrando poucos sinais de que atenderiam às exigências dos EUA de reduzir rapidamente os preços do petróleo.
A resposta reticente da Opep, combinada com os sinais de aceleração da perda de oferta do Irã, criou um clima de otimismo em um encontro anual do setor de petróleo com tradings, refinarias e banqueiros asiáticos em Cingapura, nesta segunda-feira.
“O mercado não tem a resposta em termos de oferta para a possível desaparição de 2 milhões de barris por dia no quarto trimestre”, disse Daniel Jaeggi, cofundador da Mercuria Energy Group, em discurso, na S&P Global Platts Asia Pacific Petroleum Conference, conhecida como APPEC. “Na minha opinião, isso torna concebível que vejamos um aumento no preço para mais de US$ 100 por barril.”
Sanções mais duras
Quando Trump anunciou em maio o plano de aplicar novas sanções às exportações de petróleo do Irã, o mercado estimou um corte de cerca de 300.000 a 700.000 barris por dia, disse o codiretor de trading de petróleo da Trafigura Group, Ben Luckock. No entanto, o consenso agora oscilou para 1,5 milhão de barris por dia porque os EUA estão levando as medidas “bastante a sério”, disse.
A produção do Irã “será significativamente menor do que antes, e provavelmente menor do que a maioria das pessoas esperava quando as sanções foram anunciadas”, disse Luckock, no evento da APPEC. Ele vê o petróleo a US$ 90 no Natal e a US$ 100 no início de 2019.
O petróleo Brent, referência para mais da metade do petróleo do mundo, subia 2,5 por cento, para US$ 80,56 por barril, às 11h40 em Londres, após ter atingido mais cedo o maior nível desde novembro de 2014.
A Opep não está lidando apenas com as sanções dos EUA que reduzem a oferta iraniana. A produção na Venezuela também está em queda devido à crise econômica. A maior fonte de oferta global nova, o xisto dos EUA, também enfrenta dores do crescimento na forma de gargalos nos dutos e problemas de mão de obra que travam o crescimento.
Devido a toda essa pressão urgente à oferta, os maiores produtores de petróleo do mundo adotaram a postura de aguardar os acontecimentos na reunião na capital da Argélia, no domingo. Arábia Saudita, Rússia e Emirados Árabes Unidos insistiram que tinham capacidade ociosa para satisfazer as necessidades do mercado, mas que não a usariam de forma preventiva.
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