Por Patricia Lara e Vinícius Andrade.
A aprovação da reforma da Previdência seria o sinal da virada para o Brasil, diz o economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, para quem a economia só deverá começar a se recuperar quando houver uma definição da agenda de reformas – não necessariamente a aprovação, mas ao menos a configuração das propostas e seu andamento no Congresso.
Para o economista do maior banco privado brasileiro, o país deverá continuar debatendo as reformas ao longo do segundo trimestre de 2019, mas a volatilidade cambial deve diminuir já durante o segundo turno das eleições presidenciais.
O investidor estrangeiro está cauteloso, mas não com má vontade em relação ao Brasil. “Muitos descrevem o trabalho do investidor como operar entre a ganância e o medo. O preço caiu tanto que a ganância começa a falar mais do que o medo”, disse o ex-diretor do Banco Central, em entrevista no escritório da Bloomberg.
Segundo Mesquita, metade da depreciação do câmbio é consequência da incerteza sobre o futuro da agenda de reformas. Caso contrário, ele estima que o dólar estaria entre R$ 3,50 e R$ 3,60.
O outro fator que pesa sobre a moeda local é o ambiente externo de volatilidade entre os emergentes, em razão do processo de alta de juros pelo Federal Reserve, diante do crescimento econômico dos EUA. A guerra comercial travada pelo governo de Donald Trump por ora teve impacto limitado no Brasil, mas pode “bater na porta” no ano que vem com pressão externa para o país abrir a economia. “O ideal seria que o Brasil tomasse a liderança desse processo e não sob influência de uma negociação.”
Sobre a política monetária local, caso a taxa de câmbio se estabilize num patamar que leve a projeções de inflação inconsistentes com a meta de inflação, o BC começaria a reduzir o grau de estímulos monetários. “Se o dólar ficar onde está hoje, por exemplo, essa pressão não se materializaria e as projeções seguiriam bem comportadas”, disse. Ele prevê que a Selic deve ser mantida no atual patamar até meados de 2019, sendo que o câmbio é o fator de risco mais importante e capaz de deslocar a inflação num ambiente de economia ainda lenta.
Para Mesquita, a manutenção de Ilan Goldfajn como presidente do Banco Central pelo novo governo seria bem recebida pelo mercado, em razão do bom trabalho que vem fazendo à frente do órgão.
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