Por Josue Leonel.
O resultado fraco do PIB em 2018 leva parte do mercado a cortar as previsões para o crescimento este ano e cogitar a possibilidade de corte da Selic, caso a inflação siga abaixo do meta. Não se deve esperar, contudo, que taxas de juros ainda menores restaurem o vigor perdido pela economia no final da década passada. A retomada da confiança dos investidores depende cada vez mais das reformas, sobretudo a da Previdência.
A taxa Selic, hoje em 6,5%, está em níveis historicamente baixos desde o final de 2017, mas neste período a expansão do PIB anual manteve-se perto de 1%. A economia mostra uma retomada muito lenta após a prolongada recessão de 2015 e 2016, num padrão diferente da rápida recuperação que se seguiu à crise do final de 2008. “O problema não é o juro. É a incerteza macro que está minando a economia”, disse Alberto Ramos, economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs.
Se de um lado o PIB mostra certa insensibilidade ao juro baixo, na cena política a perspectiva ainda não parece encorajadora. A Comissão de Constituição e Justiça nem sequer foi instalada para iniciar a avaliação da reforma da Previdência, cuja aprovação deve ficar para meados do 2º semestre – isso caso o governo acerte sua coordenação política. O leilão da cessão onerosa de petróleo, outra esperança de atrair investimentos pesados ao país, será apenas em outubro.
Para o economista do Goldman Sachs, o problema maior no Brasil, que é o fiscal, já está bem diagnosticado e precisa ser resolvido pelo governo e pelo Congresso. “A economia precisa de um choque de confiança para liberar o espírito animal do investidor, mas que tem de vir da área política”, disse Ramos.
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