Por Simon Kennedy e Zoe Schneeweiss.
A economia mundial pode estar na fase de maior instabilidade desde a crise financeira, mas há motivos para acreditar que a desaceleração atual terá vida curta.
A Bloomberg Economics, o Deutsche Bank e o Morgan Stanley são algumas das instituições cujos economistas avaliam que a queda terminará neste trimestre ou no próximo, dando lugar a uma aceleração mais no fim do ano.
“Somando a pausa do Federal Reserve, a trégua comercial e os estímulos da China, esperamos tocar o fundo no primeiro trimestre e acelerar bastante moderadamente mais adiante”, disse Tom Orlik, economista-chefe da Bloomberg Economics.
Bancos centrais ao resgate
Liderados pelo Fed, muitos bancos centrais seguraram o aperto da política monetária ou introduziram novos estímulos, diminuindo o temor dos investidores a respeito de uma desaceleração. O presidente do Fed, Jerome Powell, diz que ele e os colegas terão paciência para elevar as taxas de juros novamente, enquanto o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, descartou fazê-lo neste ano e revelou um novo lote de empréstimos baratos para os bancos.
Em outros lugares, autoridades da Austrália, do Canadá e do Reino Unido estão entre os que adotaram a postura de esperar para ver o que acontecerá. A China, em seu Congresso Nacional do Povo, neste mês, sinalizou a disposição de flexibilizar as políticas monetárias e fiscais para respaldar a expansão.
Dinheiro fácil
Após o aperto do fim do ano passado, que ajudou a levar o Fed a repensar as perspectivas, as condições financeiras relaxaram. Depois de atingir o menor patamar em dois anos e meio em dezembro, o Bloomberg U.S. Financial Conditions Index — que mede o nível geral de estresse financeiro nos mercados cambial, de títulos e de ações — vem se recuperando.
Em um reflexo da visão mais positiva do investidor, tem havido também uma recuperação das ações neste ano. O S&P 500 subiu quase 20 por cento desde a mínima registrada em dezembro, enquanto o Shanghai Composite avançou cerca de 22 por cento.
A força menor do dólar em comparação com 2018 também deu alívio para os mercados emergentes, tirando um pouco de pressão dos bancos centrais para que se protegessem contra fugas de capitais. Os números de crédito para China e Japão em fevereiro aumentaram fortemente em relação ao ano passado.
Novas perspectivas
O Fundo Monetário Internacional (FMI) ainda prevê crescimento global de 3,5% em 2019, um ritmo muito bom para este estágio da expansão. Alan Ruskin, estrategista do Deutsche Bank, argumenta também que há mais motivos para otimismo do que sugerem as manchetes. A economia da China, por exemplo, é cinco vezes maior que a de 2000, o que significa que uma taxa de crescimento de 6 por cento de agora equivale a 30 por cento de expansão daquela época.
“Até mesmo ao fazer comparações de longo prazo, os níveis absolutos e as mudanças se tornam ainda mais importantes do que a perspectiva limitada oferecida pelas mudanças percentuais”, escreveu, em nota aos clientes, nesta semana.
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