A Petrobras decidiu facilitar as compras de petróleo do campo de Lula para as refinarias independentes da China, conhecidas como “bules de chá”. Com isso, a estatal busca aumentar a participação no maior mercado importador de petróleo do mundo.
A Petrobras alugou tanques offshore em Qingdao, na província oriental de Shandong, e entregou o primeiro carregamento de petróleo para as refinarias na quarta-feira, disse a Qingdao Port International em comunicado. Com o estoque local, a Petrobras pode vender volumes menores para as refinarias independentes, muitas das quais estão concentradas em Shandong.
As exportações de petróleo do Brasil para a China aumentaram nos últimos anos. O país compete com o Iraque e Angola pelo posto de terceiro maiorfornecedor do mercado chinês depois da Rússia e da Arábia Saudita. As sanções dos Estados Unidos ao Irã e à Venezuela e os cortes de produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados abrem uma janela de oportunidade ao Brasil.
O armazenamento de Shandong “proporcionará uma plataforma maior para o petróleo brasileiro e estimulará as vendas”, disse Anelise Lara, diretora-executiva de refino da Petrobras, no comunicado do porto de Qingdao. Segundo ela, a empresa procura oferecer mais flexilidade aos importadores chineses de petróleo.
Os chamados bules de chá da China processaram cerca de um terço das importações de petróleo do país no ano passado. Essas refinarias têm lideradoum salto nos embarques do Brasil em 2019. As compras aumentaram diante dos altos lucros no refino de petróleo bruto brasileiro, com baixo teor de enxofre, em diesel. O custo relativamente mais alto do petróleo de qualidade semelhante de outros países levou os bules a acelerarem as importações do Brasil. O petróleo do campo de Lula lidera as exportações brasileiras para a China.
Por trás da iniciativa da Petrobras estão as exigências dos bules chineses e um superávit global que desafia os produtores de petróleo, disse Li Li, analista da consultoria de commodities ICIS-China. A guerra comercial e as sanções dos EUA ao Irã e à Venezuela dão ao Brasil uma boa oportunidade de expandir sua presença na China, disse a analista.
As importações da China petróleo brasileiro subiram para um recorde de 4 milhões de toneladas em fevereiro, com uma média de 3,5 milhões de toneladas por mês este ano. O volume se compara às 2,6 milhões de toneladas mensais em 2018 e 1,9 milhão em 2017.