Por Megan Durisin e Michael Hirtzer.
Produtores de milho dos Estados Unidos podem ficar com a menor fatia das exportações globais das últimas sete temporadas, um reflexo da maior competição enfrentada pelos agricultores dos EUA de grãos mais baratos da América do Sul e do Mar Negro.
O Departamento de Agricultura dos EUA reduziu as estimativas para as exportações de milho do país em 7,3% no relatório mensal de projeções para a demanda e oferta agrícola mundial na quinta-feira. A agência prevê um segundo ano consecutivo de declínio, com a queda dos embarques para o menor nível desde 2016.
Enquanto isso, o Brasil tem exportado milho em ritmo acelerado nesta temporada, com um aumento de 50% entre julho-setembro em relação ao recorde anterior, informou o USDA. A colheita foi farta, e a alta do dólar em relação ao real deixou as exportações mais competitivas, o que permitiu ao país ganhar mercado entre clientes importantes dos EUA como Japão, Coreia do Sul e México.
Ao mesmo tempo, as exportações de milho da Ucrânia subiram quase seis vezes na década passada, impulsionadas pelas supersafras do país. O esmagamento de milho é outro fator positivo além do crescente domínio da região do Mar Negro no mercado mundial de trigo nos últimos anos, roubando participação dos EUA e de outros países da Europa.
Mas os EUA ainda são, de longe, os maiores exportadores de milho do mundo, e a redução das exportações é, em parte, intencional. Um mercado interno aquecido para grãos usados em rações de gado e na produção de etanol naturalmente eleva os preços, tornando os grãos dos EUA menos competitivos em comparação com países como Brasil e Ucrânia, cujo consumo doméstico não é forte.
Ainda assim, o setor de etanol dos EUA mostra sinais de problemas. Algumas usinas de menor porte do biocombustível estão ociosas ou foram completamente desativadas devido às baixas margens de lucro. Isso faz com que as exportações tenham mais peso para agricultores dos EUA.