Por Julian Lee.
As três maiores agências de previsão para o mercado de petróleo global estão divididas sobre o que vai acontecer com a oferta e a demanda este ano. E pelo menos uma delas vai errar totalmente nas previsões.
Esse é o resultado final de uma comparação das projeções de oferta e demanda fornecidas pela Opep, pela Agência Internacional de Energia (AIE) em Paris e pela Administração de Informações sobre Energia dos EUA (EIA, na sigla em inglês). A Organização dos Países Exportadores de Petróleo fechou um acordo em dezembro para restringir ainda mais os limites de produção até o fim de março.
A equipe de pesquisa da Opep acredita que o pacto continuará a reduzir os estoques globais ao longo de 2020. Por outro lado, as agências da França e dos EUA projetam um aumento dos níveis de estoques, mesmo que o acordo seja totalmente implementado. E mesmo se for prorrogado por todo o ano de 2020.
Em dezembro, o grupo Opep+ concordou em reduzir a meta de produção combinada em outros 500 mil barris por dia, além de uma redução adicional voluntária de 400 mil barris por dia da Arábia Saudita, o que depende de todos os demais cumprirem as metas.
A previsão mais recente da Opep mostra os estoques globais de petróleo caindo a uma taxa média de quase 100 mil barris por dia ao longo deste ano, supondo que o acordo de dezembro seja implementado conforme acordado e dure até março. Esse ritmo de queda poderia chegar a 300 mil barris por dia se a medida durar ao longo de 2020. Mesmo que o grupo não implemente o acordo e a produção se mantenha no nível de dezembro, os números da Opep mostram que ainda haveria um pequeno declínio dos estoques globais este ano.
A AIE e a EIA têm perspectivas muito diferentes e menos otimistas. Ambas agências projetam um contínuo aumento dos estoques, mesmo que os cortes da produção acertados sejam implementados completamente e estendidos por todo o ano.
As mesmas diferenças são evidentes nas opiniões das três agências sobre a eficácia dos cortes na produção da Opep+ desde que foram introduzidos no início de 2017.
Os balanços de oferta e demanda da Opep mostram que os estoques globais de petróleo caíram em 653 milhões de barris desde que os cortes da produção foram introduzidos no início de 2017. Reduções em 2017 e em 2019 compensaram um pequeno aumento em 2018.
Mais uma vez, porém, os dados da AIE e da EIA implicam que as restrições de produção apenas limitaram o ritmo de aumento dos estoques desde o início de 2017. Após as quedas iniciais em 2017, os estoques foram reabastecidos no ano seguinte e depois permaneceram praticamente estáveis em 2019. O resultado líquido, de acordo com a EIA, é um aumento dos estoques globais de petróleo de 100 milhões de barris entre o início de 2017 e o fim de 2019, enquanto os dados da AIE mostram uma elevação de 142 milhões de barris.
Então, onde está todo esse petróleo? Bem, cada agência adota métodos diferentes e, claro, suas avaliações podem ser diferentes.
Divergências à parte, a Opep e aliados continuam decididos em manter os cortes de produção destinados a reduzir os estoques em excesso, disse o ministro de Energia da Arábia Saudita, o príncipe Abdulaziz bin Salman, em entrevista à Bloomberg TV em 13 de janeiro.
“Nosso esforço na Opep + é tentar trazer os estoques a um certo nível” dentro dos limites dos últimos anos, disse. Esse intervalo deve ser em torno da média dos últimos cinco anos e do período de 2010 a 2014, afirmou. Isso sugere que o grupo não tem um alvo preciso.