Por Fabiana Batista.
A região do Cerrado, que aumentou a área plantada de café para aproveitar a expansão das commodities, enfrenta um cenário sombrio para a safra desta temporada após o clima adverso.
Ondas de baixas temperaturas, calor extremo e seca prejudicaram os cafezais no segundo semestre do ano passado, disse Francisco Sérgio de Assis, presidente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, em entrevista por telefone. A região em Minas Gerais, cuja produção aumentou 60% na última década, quase o dobro da média nacional, agora responde por 10% de todo o café cultivado no Brasil, o maior exportador mundial.
Neste ano, a produção no Cerrado pode somar menos de 6 milhões de sacas, abaixo do potencial de até 7,5 milhões de sacas, disse Assis. O resultado marcaria uma safra regional menor do que em 2018, a temporada anterior de maior produtividade no ciclo de dois anos.
“Metade da colheita do Cerrado está boa, e a outra metade está ruim”, disse Lúcio Dias, diretor comercial da Cooxupé, maior produtora e exportadora de café do Brasil, em entrevista após uma recente visita a fazendas. “O Cerrado certamente colherá menos do que em 2018.”
Em meio às perspectivas de produtividade mais baixa, alguns cafeicultores do Cerrado devem colher um volume mais alto devido ao aumento da área plantada nos últimos anos. Uma saca pesa 60 quilos.
Após a expansão da semeadura, Haroldo Veloso, cafeicultor do município de Carmo do Paranaíba, estima produção de 20 mil sacas em relação às 18 mil em 2018. O volume representa uma queda de 20% em relação à potencial colheita devido às condições secas e altas temperaturas em outubro e parte de novembro. Depois de Veloso projetar uma queda de 30% em relação ao potencial, a chuva nos meses seguintes melhorou as perspectivas.
Acácio José Dianin, cafeicultor de Monte Carmelo, disse que a área colhida em 2020 será quase o dobro da registrada em 2018 em meio aos investimentos realizados nos últimos anos. Ele espera colher 10,2 mil sacas, 15% abaixo da estimativa inicial. Em 2018, Dianin colheu 6 mil sacas.
No quarto trimestre, o contrato de café arábica subiu 28% em meio a um rali na ICE Futures alimentado, em parte, por preocupações com a oferta no Brasil. No mês passado, a cotação em Nova York mergulhou 21% devido aos novos sinais de supersafra.